O Canal de Suez, no Egito, foi inaugurado em 17 de novembro de 1869 na presença da imperatriz Eugênia da França (mulher de Napoleão III) e do imperador da Áustria, Francisco José.
Construído por um consórcio francês fundado pelo diplomata Ferdinand de Lesseps, o canal foi aberto com 162 quilômetros de comprimento, 54 metros de largura (na média) e 8 metros de profundidade. Liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo e permite a Londres, por exemplo, chegar a Bombaim sem ter de contornar o continente africano. Hoje, a largura média do canal é de 365 metros, dos quais 190 são navegáveis.
Aproximadamente 15 mil navios atravessam o canal por ano, representando 15% do transporte mundial de mercadorias. A travessia demora de 11 a 16 horas. Ao contrário do Canal do Panamá, o de Suez não tem eclusas.
A ideia de ligar o mar Vermelho ao Mediterrâneo veio dos tempos do Egito Antigo. A solução encontrada na época foi a ligação do Mar Vermelho ao Rio Nilo. Após a invasão do Egito pelos persas, no século VI a.C., o imperador Dario completou a obra inacabada. O sistema estava dividido em duas partes: um canal ligava o Golfo de Suez aos lagos Amargos, e um outro ia destes até o Nilo.
Já na Idade Média, os venezianos, vendo seu comércio em perigo por causa da nova rota das especiarias, tentaram a reabertura do canal através de negociações com o Egito. Devido à ocupação turca entre 1517 e 1805, tal possibilidade foi posta de lado.
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Travessia demora de 11 a 16 horas; ao contrário do Canal do Panamá, o de Suez não tem eclusas
Em 1671, o matemático alemão Gottfried Leibniz chegou a propor a abertura do istmo a Luís XIV, rei da França. Durante a campanha do Egito, em 1798, Napoleão interessou-se pelo assunto e encarregou Charles Lepère de elaborar um estudo. Mas só meio século depois, o vice-rei do Egito, Said Paxá, outorgou a Ferdinand de Lesseps uma concessão de 99 anos, permitindo seccionar o Istmo de Suez.
O francês tinha em mente criar uma rota marítima entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Terminada a concessão, o canal passaria às mãos do Egito. Para supervisionar a obra e captar recursos, Lesseps criou a Companhia Universal do Canal Marítimo de Suez.
Em 1859, começaram as obras. As dificuldades foram imensas e o sucessor de Said, Ismail Paxá, opôs-se ao sistema de recrutamento dos operários egípcios, que na época era descrito como escravista. Estimou-se que mais de 120 mil operários morreram durante a construção.
No dia 15 de agosto de 1869, as águas do Mar Vermelho entraram nos Lagos Amargos que já recebiam as águas do Mediterrâneo através do Lago Timsah. A inauguração teve festejos exuberantes. O Cairo sofreu profundas alterações, como uma ligação rodoviária com a cidade de Ismaília, na beira do canal, e a construção de um teatro para representar a ópera “Aída”, encomendada a Giuseppe Verdi para a ocasião.
Já no século 20, como França, Inglaterra e Estados Unidos recusaram um empréstimo para a construção da barragem de Assuã, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser retaliou com a nacionalização da companhia do canal, em 1956. Os lucros obtidos com a exploração financiariam o projeto da barragem. Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a Península do Sinai, obrigando os egípcios a afundar 40 navios no canal de modo a encerrá-lo.
O Canal de Suez foi reaberto em 1975 e opera normalmente desde então.