Em uma ação convocada pela Irmandade Muçulmana, milhares de jordanianos ocuparam o centro de Amã nesta sexta-feira (05/10) para exigir reformas políticas no país, um dia depois de o Parlamento ter sido destituído pelo rei Abdullah II.
A manifestação, que começou ao final da oração muçulmana do meio-dia e sob fortes medidas de segurança, contou com mais de 80 formações opositoras e pró-democracia, movimentos juvenis e grupos tribais.
Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes pediam que o rei jordaniano introduza novas emendas à Constituição para garantir que o povo seja a fonte de poder.
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Entre as medidas adotadas recentemente no processo de reforma prometido pelo monarca, os manifestantes criticaram com firmeza a nova lei eleitoral, que deverá reger as próximas eleições parlamentares, previstas para o final do ano ou começo de 2013.
Dessa forma, os islamitas pediam um boicote ao pleito em rejeição à citada lei, que estipula um sistema de votação misto. Neste, cada cidadão deve depositar um voto para seu distrito eleitoral e outro em nível nacional.
Durante a manifestação, os jordanianos também defenderam a limitação dos poderes do rei, a formação de governos parlamentares, a luta contra a corrupção e libertação dos presos políticos.
Apesar do anúncio da destituição da câmara baixa do Parlamento, que chega dois anos antes do término de seu mandato, e da convocação das eleições legislativas antecipadas, cuja data ainda deve ser fixada pela autoridade eleitoral, a manifestação não foi realizada como uma reação direta, já que havia sido convocada há algumas semanas.
Segundo fontes políticas, as decisões adotadas por Abdullah II buscam aliviar a tensão no país e convencer os islamitas a participarem do pleito. No entanto, o líder da confraria, Hamam Said, reafirmou durante a manifestação de hoje que seu grupo, o principal da oposição, é favorávl ao boicote nas próximas eleições.
“Este sistema eleitoral não representa a vontade do povo jordaniano e é incapaz de produzir um governo parlamentar livre da corrupção”, denunciou Said.
O dirigente islamita estimou que o número de participantes da manifestação, que se concentrou em frente à Grande Mesquita Hosseini de Amã, ultrapassa os 100 mil, enquanto os observadores independentes apontam entre 40 mil e 50 mil pessoas.
Desde ontem, as autoridades jordanianas adotaram regidas medidas de segurança, que incluem o fechamento dos acessos ao centro de Amã e o desdobramento de 2 mil policiais.
A Jordânia se encontra em um conflituoso processo de reforma política, prometido por Abdullah II há 20 meses, justamente quando começaram os protestos no país inspirados na primavera árabe. Segundo a Constituição, após a dissolução do Parlamento, o governo do primeiro-ministro Fayez Tarauneh terá que apresentar sua renúncia no prazo de uma semana, quando será formado um novo executivo para supervisionar os preparativos do processo eleitoral.