O novo primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, obteve nesta segunda-feira (29/04) no Parlamento o primeiro voto de confiança a seu recém-constituído governo de coalizão ao receber o aval da Câmara dos Deputados por grande maioria.
Com 453 votos a favor, o governo, integrado pelo PD (Partido Democrata), de centro-esquerda, o conservador PdL (Povo da Liberdade), de Silvio Berlusconi, e o centrista Escolha Cívica, de Mario Monti, superou o primeiro voto de confiança, e amanhã terá que receber aprovação no Senado.
Nas declarações dos grupos parlamentares anteriores à votação, o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, confirmou sua decisão de votar contra, enquanto a Liga Norte anunciou sua intenção de se abster. O PdL, a Escolha Cívica e PD optaram pelo “sim”.
O PD, ao qual pertence Letta, não rachou como era levantado por analistas. No entanto, há uma divisão interna na legenda, evidenciada na reeleição do chefe de Estado, Giorgio Napolitano.
Letta começou hoje oficialmente a atividade parlamentar de seu governo com um discurso de posse na Câmara dos Deputados (levado também ao Senado para acelerar amanhã a votação) no qual, após os agradecimentos, entre outros a seu ex-chefe no PD, o demissionário Pier Luigi Bersani, abordou totalmente a questão europeia como necessária para a recuperação econômica da Itália.
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Neste sentido, o novo primeiro-ministro da Itália anunciou que, assim que tiver recebido o voto de confiança do Parlamento, fará amanhã mesmo uma viagem a Berlim, Bruxelas e Paris para promover medidas na UE (União Europeia) que estimulem o crescimento econômico sem comprometer o equilíbrio orçamentário.
Letta, até há poucos dias vice-secretário do PD, aposta em uma maior integração na UE, com uma união bancária e uma maior integração política, sem as quais a atual crise se tornará “insustentável”, segundo disse.
“A Itália se comprometerá a identificar as estratégias para chegar ao crescimento sem pôr em risco o saneamento. A Europa está em crise de legitimidade, logo quando seus cidadãos mais necessitam dela. O destino de todo o continente está unido”, afirmou.
“As premissas macroeconômicas são as do euro e do Banco Central Europeu. Só com o saneamento (das contas públicas), a Itália morre. As políticas para o crescimento não podem esperar. Não há mais tempo. Muitas famílias e cidadãos estão em desespero”, acrescentou.
Letta advertiu que essa “vulnerabilidade” pode se transformar em “raiva e conflito”, como mostra, segundo ele, o tiroteio de ontem em Roma na frente da sede do governo, no qual ficaram feridos dois policiais e uma mulher grávida pelos disparos de um pai de família desempregado que queria atacar políticos.
A Europa e a economia foram os dois assuntos principais do discurso de um Letta que enumerou uma série de reformas das quais pretende obter resultados, dando prioridade à criação de emprego, em um prazo de 18 meses, pois do contrário, advertiu, “haverá consequências”.
“Este é um governo a serviço do país, disse que o governo não devia nascer a qualquer preço e não tenho intenção de sobreviver nem de atirar a qualquer preço”, declarou.
Entre as primeiras medidas de seu governo está a supressão do salário de ministro para quem é parlamentar, assim como a suspensão do pagamento, em junho, do imposto sobre habitação que foi reintroduzido pelo ex-primeiro-ministro Mario Monti.