Seguindo a tendência de maior intervenção internacional dos últimos dias, dois senadores norte-americanos viajaram ao Egito e se encontraram nesta terça-feira (06/08) com o chefe das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sisi. Eles pediram que os dois grupos que se opõem no país renunciem à violência e comecem um diálogo nacional.
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John McCain e Lindsey Graham foram ao Cairo a pedido do presidente Barack Obama. Assim como o resto da comunidade internacional, eles clamaram pela paz no Egito e pelo fim dos confrontos entre partidários e opositores do ex-presidente Mohamed Mursi, deposto em 03 de julho.
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Em entrevista coletiva, eles anunciaram ter pedido ao governo interino um “calendário claro” para convocar novas eleições e finalizar a nova Constituição do Egito. Além disso, incentivaram as autoridades a se reconciliar com a Irmandade Muçulmana e seus aliados políticos, que têm saído às ruas para protestar desde a deposição de Mursi.
Agência Efe
Os senadores John McCain e Lindsey Graham em entrevista coletiva no Cairo
“Vocês têm que se sentar e conversar um com o outro, mesmo que possam não gostar da pessoa que está do outro lado da mesa”, disse Graham. Ele, assim como McCain, utilizou a palavra “golpe” para descrever o que aconteceu no Egito, ainda que o termo tenha sido evitado pelo próprio Obama, porque requereria a interrupção do auxílio militar dos EUA ao país.
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“Foi uma transição de poder realizada fora das urnas”, disse Graham. “As pessoas que foram eleitas estão agora na cadeia. Os senadores também se encontraram separadamente com vice-presidente interino Mohamed ElBaradei e com o primeiro-ministro Hazem el Beblawy.
Fontes militares informaram que Sisi se disse “desapontado” com os senadores por sua “falta de reconhecimento da vontade popular”, expressa através dos milhões de pessoas que se manifestaram a favor da saída de Mursi do poder no Egito. O chefe do Exército também teria dito que não cederia “à pressão dos EUA” para negociar com partidários do ex-presidente “em detrimento da vontade do povo egípcio”.
Também nesta terça, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, voltou a pedir a libertação de Mursi, detido em local secreto desde que foi deposto, em uma ligação para o ministro das Relações Exteriores do Egito, Nabil Fahy.
“Ele pediu pelo fim da violência e instou as autoridades interinas a assegurar a proteção dos direitos humanos de todos os egípcios, incluindo liberdade de expressão”, dizia o comunicado oficial da ONU. Ban “reiterou seu pedido pela libertação de Mursi”, acrescentou.
Seguidores de Mursi voltaram a protestar no Cairo hoje, pedindo a volta do ex-presidente. Segundo a agência estatal Mena, a avenida Oruba, uma das principais da capital egípcia, ficou bloqueada por três horas.
A Mena também informou que a promotoria de Heliopolis, no Cairo, ordenou a detenção preventiva, durante 15 dias, de dois assessores de Mursi, acusados de instigar violência próximo do Palácio Presidencial de Itihadiya em dezembro. À época, seis pessoas morreram em decorrência dos confrontos.
Desde a destituição de Mursi, vários dirigentes de orientação islâmica, principalmente da Irmandade Muçulmana, foram detidos e contra outros pesam várias ordens de detenção. Há dois dias, o Ministério Público ditou também prisão preventiva para outros dois conselheiros do presidente deposto, pelas mesmas acusações.