Todas as bases do Boko Haram reconhecidas pelo governo serão desmanteladas nas próximas seis semanas, afirmou nesta segunda-feira (09/02) o responsável pelo Conselho Presidencial para a Segurança da Nigéria, Sambo Dasuki, à AFP. O anúncio vem dois dias depois de a Comissão Eleitoral nigeriana anunciar que as eleições presidenciais do país, inicialmente previstas para o dia 14 de fevereiro, foram adiadas para até 28 de março, sob a justificativa da possibilidade de atentados do grupo extremista islamita.
EFE/ arquivo
Goodluck Jonathan (foto) é chefe de Estado da Nigéria desde maio de 2010 e agora compete pelo cargo com general Muhammadu Buhari
Dasuki assegura que o pleito não será adiado novamente e também anunciou que uma nova operação organizada com vizinhos como Camarões, Chade e Níger acontecerá nas próximas duas semanas e será decisiva no combate ao grupo islâmico.
No entanto, o país africano se encontra dividido sobre as reais intenções do adiamento do pleito. Para as autoridades do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, as forças militares não poderiam fornecer segurança às eleições nacionais em virtude do deslocamento de todas as tropas para combater o Boko Haram, atuante principalmente na região nordeste da Nigéria.
Contudo, esse argumento é amplamente criticado no país, em parte, porque as forças militares não são a única organização responsável pela segurança eleitoral no território nacional. Além disso, especula-se que a proposta de adiamento por conta da ameaça da organização extremista faça parte de um plano político de Jonathan para melhorar seu desempenho no pleito. A esticada para a última semana de março seria, segundo a oposição, uma manobra política para Jonathan conseguir mais fôlego e apoio na disputa eleitoral.
Efe
Apoiadores de Jonathan se reúnem na cidade de Yenagoa para dar respaldo ao atual presidente: corrida eleitoral está acirrada
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De acordo com uma enquete lançada no dia 27 de janeiro pelo centro de pesquisa independente Afrobarometer, trata-se da eleição mais competitiva já registrado na história do país. O grupo ainda define como “apertada” a corrida presidencial entre Jonathan e seu candidato rival – o general Muhammadu Buhari.
EFE
Para o veterano militar Buhamari, o atual governo federal falhou inúmeras vezes na tentativa de proteger os cidadãos.
[General Muhammadu Buhari disputa eleição apertada com Jonathan]
Além do candidato da oposição, outros críticos questionam as reais finalidades do adiamento.
Para Nnamdi Obasi, analista nigeriano da ONG International Crisis Group, Goodluck Jonathan pede seis semanas para lidar com os milicianos do Boko Haram, sendo que tem falhado nos últimos seis anos para lidar com o grupo islâmico.
“O governo sempre soube dessa situação, então, adiar o pleito dentro desse pretexto de subitamente concentrar todos os recursos militares contra os insurgentes é absolutamente insustentável”, critica Obasi, em entrevista à revista norte-americana Time.