O Estado Islâmico assumiu nesta sexta-feira (20/03) a autoria dos três atentados suicidas contra mesquitas xiitas no Iêmen, que resultou em pelo menos 120 pessoas mortas e em outras 150 feridas. O incidente acontece dois dias depois de o grupo orquestrar um ataque que matou mais de 20 – a maioria turistas – na Tunísia.
EFE
Fachada da mesquita da capital, Sanaa, que foi alvo de ataque suicida com explosivos
Segundo áudio divulgado pelo grupo extremista sunita na internet, os ataques fazem parte de “uma série de façanhas levadas a cabo diariamente pelos soldados do califado contra os inimigos de Alá e de sua religião”.
O Iêmen entrou em um caos institucional no início deste ano. Em meados de janeiro, o então presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi renunciou. No início de fevereiro, a oposição xiita representada pelo movimento houthi anunciou a dissolução do Parlamento e uma consequente tomada de poder.
“Os houthis precisam saber que os soldados do Estado Islâmico não vão ficar tranquilos até erradicá-los e cortar o braço do projeto xiita no Iêmen”, afirmou um porta-voz da organização terrorista em áudio, acrescentando que a operação é “só o início do que ocorrerá no futuro”.
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Além do recente ataque do Estado Islâmico, outro grupo extremista descontente com a ascensão dos houthis é a filial local da sunita Al Qaeda, também conhecida como AQPA (Al Qaeda na Península Arábica). Nesta tarde, o braço da organização fundada por Bin Laden é acusado de ter realizado outro atentado matou 29 soldados iemenitas.
Nas últimas semanas, os houthis, que pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010, tomaram o controle de 7 das 17 províncias do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, onde os níveis de tensão aumentaram nos últimos meses, inclusive com ataques às sedes presidenciais.
Na quinta-feira (19/03), por exemplo, aviões de combate dos houthis bombardearam o Palácio Presidencial da cidade de Áden, onde Mansour Hadi vive desde que renunciou à presidência. Outras testemunhas revelaram que aeronaves também atacaram e saquearam o quartel das Forças Especiais de Segurança do Iêmen.
Há meses, o movimento xiita – supostamente apoiado pelo Irã – reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro de 2014. No entanto, desde que obteve mais presença no cenário político e militar, os houthis deixaram o país em situação ainda mais caótica.
EFE/ arquivo
Reunião organizada pelos houthis para debater formação de novo governo no país em fevereiro