Apesar de problemas técnicos e ataques contra eleitores e centros de votação, observadores internacionais congratularam a Nigéria pela realização das eleições deste sábado.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, declarou em comunicado que a votação tinha sido “majoritariamente pacífica e ordeira”. Ban elogiou a “determinação e resiliência” de eleitoras e eleitores nigerianos, que votaram sob as ameaças e os ataques do grupo extremista Boko Haram e de militantes não-identificados. O secretário-geral pediu que a população da Nigéria mantenha “uma atmosfera pacífica” e “exerça a paciência” ao longo de todo o processo eleitoral.
Agência Efe
Funcionários da comissão eleitoral trabalham na contagem dos votos em Lagos neste domingo
Os comentários de Ban foram reverberados por John Kufuor, líder da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS). Segundo a BBC, Kufuor considerou o processo “pacífico, ordeiro e confiável”.
A secretária assistente de Estado dos EUA para Questões Africanas, Linda Thomas-Greenfield, falou à agência Reuters sobre a “extraordinária paciência” das eleitoras e eleitores nigerianos. “Temos que cumprimentar o povo nigeriano por ser tão paciente”, declarou em referência às longas filas que tiveram que enfrentar para votar no sábado.
O pleito, realizado neste sábado (28 de março), não pôde ser realizado em algumas regiões devido a problemas com o sistema biométrico de autenticação dos eleitores, adotado para evitar fraudes. O problema afetou “cerca de 300 colégios eleitorais de um total de 150 mil”, explicou o porta-voz da Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC), Kayode Idowu. A votação foi então realizada também neste domingo nesses colégios.
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Além dos problemas com a tecnologia, o sábado de eleições foi marcado por múltiplos ataques a votantes e seções eleitorais em várias localidades. Segundo a agência Associated Press, pelo menos 41 pessoas foram mortas em ataques a tiros perpetrados por homens não identificados e por militantes do Boko Haram. Houve também relatos de roubos de urnas e cédulas e de intimidação de eleitores por grupos armados.
Neste domingo, foram registrados protestos no estado de Rivers, em que partidários do Congresso dos Progressistas (APC, na sigla em inglês) se manifestaram contra assassinatos de opositores do Partido Democrático do Povo (PDP), do atual presidente e candidato à reeleição, Goodluck Jonathan. Membros do APC disseram que não aceitarão os resultados das eleições.
O chefe da Comissão Eleitoral, Attahiru Jega, declarou em entrevista coletiva que o órgão está investigando as denúncias de irregularidades em Rivers, como a exclusão de opositores do governo da reunião para a contagem dos votos. Ele disse também que os primeiros resultados das eleições nigerianas começariam a ser conhecidos na noite de domingo.
Agência Efe
Simpatizantes do APC protestam em Port Harcourt, capital do estado de Rivers, contra suposta fraude na votação
Escolhendo o próximo presidente
O presidente Jonathan e o general Muhammadu Buhari são os favoritos em um pleito que conta com 13 candidatos e uma candidata à presidência da Nigéria. Nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 2011, Buhari perdeu para Jonathan e as subsequentes revoltas populares causaram a morte de mais de mil pessoas. Analistas acreditam que pela primeira vez Buhari tem chances reais de vencer, mas ressaltam que é impossível prever quem será o próximo presidente da Nigéria, o que alimenta o temor de violência após a divulgação dos resultados.
Boko Haram
Na sexta-feira (27 de março), o Exército da Nigéria anunciou ter retomado o controle da cidade de Gowza, no estado de Borno, considerada o quartel-general do Boko Haram. Entretanto, segundo a agência de notícias France Presse, militantes do grupo teriam decapitado pelo menos 23 pessoas e incendiado um vilarejo na noite de sexta em Buratai, a 200km de Maiduguri, capital do estado.
Nesta semana, fontes oficiais do governo anunciaram que quase 500 pessoas – entre crianças e mulheres – foram sequestradas na cidade de Damasak, na fronteira da Nigéria com Níger e Chade. De acordo com a ONG internacional Human Rights Watch, somente em 2015 o Boko Haram assassinou mais de mil civis.