A 45ª Assembleia Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou por unanimidade uma declaração sobre a disputa territorial e a soberania das Ilhas Malvinas. Anualmente, a Argentina coloca em jogo essa questão nas reuniões do bloco contra o que considera ser uma ocupação britânica.
No texto, os 34 Estados-membros da OEA reafirmaram a “necessidade” de que os governos argentino e inglês “reacendam o quanto antes a negociação” sobre a temática, “com o objetivo de encontrar uma solução pacífica a esta longa controvérsia”.
EFE
Chefe da diplomacia argentina, Héctor Timerman acusou britânicos de apropriação de recursos naturais nas Malvinas
Com isso, o bloco se propõe a “continuar examinando a questão das ilhas Malvinas nos sucessivos períodos de sessões da Assembleia Geral até que se encontre uma solução definitiva”.
“As Malvinas são hoje uma causa regional, como foi no passado o chamado ao diálogo entre Estados Unidos e Cuba”, comparou o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, durante o encontro em Washington.
Em discurso diante do plenário, o chanceler argentino afirmou ainda que “a Coroa Britânica usurpou as Ilhas Malvinas para continuar com sua expansão imperial, e o fez com uma lógica estratégica e de apropriação de recursos naturais”, especialmente “a extração de hidrocarbonetos”.
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Por sua vez, Archie Young, um representante do Reino Unido, respondeu aos comentários de Timerman, defendendo que os habitantes da ilha “têm direito a autodeterminação” e que seu país “não está militarizando” o local. Apesar disso, Londres anunciou em março que aportaria US$ 268 milhões em infraestrutura militar no território que é reivindicado historicamente pelos sul-americanos.
“Não se pode ter negociações sobre a soberania a não ser que os habitantes da ilha as desejem e o referendo de 2013 deixou uma mensagem clara de que os habitantes não quererem negociar. A Argentina deveria respeitar esses desejos”, afirmou Young, subdiretor para as Américas da chancelaria britânica.
Flickr/ Opera Mundi
O veterano Marcelo Vallejo visita o cemitério de Darwin, onde estão enterrados mais de 230 soldados argentinos nas Malvinas
Entenda o conflito
Desde 1833 o governo britânico administra e ocupa as Malvinas — também conhecidas como Falkland Islands — e rejeita apelos da Argentina e da comunidade internacional para abrir negociações a respeito da soberania da ilha.
Em 1982, houve uma guerra pela retomada do território. Após 70 dias de conflito, mais de 900 pessoas morreram e a Argentina saiu perdedora. A tensão ganhou um novo fôlego em 2010, quando os britânicos descobriram uma grande reserva de gás e de petróleo offshore, que poderia render bilhões de dólares.
Há dois anos, Londres fez um referendo com os pouco mais de 1.500 residentes da ilha, que optaram por permanecer sob o status de território além-mar britânico. Buenos Aires rejeitou a consulta popular, alegando que os habitantes foram colocados na região pelo Reino Unido e que, portanto, não tinham o direito de autodeterminação.