Em um encontro com estudantes na cidade de Rostock, no norte da Alemanha, a chanceler do país, Angela Merkel, se viu confrontada com as suas próprias políticas migratórias na quarta-feira (15 /07).
Durante a palestra “Uma boa vida na Alemanha”, a chefe de Governo escutou o relato de uma refugiada palestina que sofre risco de ser deportada. Com dificuldades de se expressar, Merkel tentou explicar a ela que o Estado não consegue administrar o número crescente de pedidos de asilo, fazendo a garota chorar.
Reprodução/NDR
Merkel tenta consolar refugiada palestina que começou a chorar após resposta de Merkel
“Eu tenho metas na vida como todos os outros que vivem aqui. E eu quero ir à universidade… É muito desagradável ver como os outros conseguem aproveitar a vida, mas eu não posso”, diz a palestina Reem em alemão fluente. Ela chegou há quatro anos no país vindo com sua família de um campo de refugiados no Líbano, mas enfrenta a possibilidade de ser deportada em breve.
Por sua vez, Merkel argumenta que “a política é algo difícil às vezes”. Segundo a chanceler, se ela abrir as portas para “milhares e milhares de outros refugiados em campos no Líbano”, outras pessoas, vindos da África — a líder cita —também iriam querer vir à Alemanha. “Nós simplesmente não conseguiríamos lidar com isso”, disse.
Veja o vídeo com legendas em inglês:
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Com a resposta, Reem começa a chorar e a chefe de governo tenta consolá-la. “Você foi ótima. Eu sei que é difícil, mas você apresentou extremamente bem uma situação que tantos outros se encontram”, afirmou, dando tapinhas no ombro da menina.
Os pedidos de asilo na Alemanha já ultrapassam 450.000 apenas em 2015 — o dobro da quantidade de 2014. Além disso, casos de xenofobia e islamofobia têm sido recorrentes no país, sobretudo com a ascensão de grupos de extrema-direita e com a crise financeira que atinge muitos países da zona do euro.
Nos últimos anos, a Europa tem tido problemas em administrar a quantidade de refugiados que chegam ao continente, fugindo de situações de guerra, perseguição e extrema miséria. No mar Mediterrâneo, a falta de uma resposta de líderes europeus à altura das necessidades das pessoas que buscam uma nova vida na região tem provocado um caos humanitário.