O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aprovou neste sábado (02/07) a expansão do assentamento judaico de Kiryat Arba, no território palestino da Cisjordânia, ocupado por Israel. O anúncio se dá em meio ao aumento da violência entre palestinos e israelenses, com uma série de assassinatos perpetrados nos últimos dias na região.
Segundo a imprensa israelense, os planos para a construção de mais 42 casas para colonos israelenses estavam paralisados nos últimos seis meses, mas foram finalmente aprovados por Netanyahu e seu ministro da Defesa, Avigdor Liberman, em resposta aos ataques de palestinos contra israelenses nos arredores de Kiryat Arba nos últimos dias.
Agência Efe
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante reunião de seu gabinete neste domingo
Na sexta-feira (01/07), um israelense de 48 anos morreu após ter seu carro alvejado por um atirador não identificado ao sul de Kiryat Arba, perto da cidade palestina de Hebron. O motorista perdeu o controle do carro e o acidente deixou sua mulher e dois filhos feridos. Já nesta quinta-feira (30/06), uma menina israelense de 13 anos foi morta a facadas enquanto dormia em Kiryat Arba. O agressor, segundo autoridades de Israel, teria sido um palestino de 17 anos, que foi morto pela polícia logo após o ataque.
A construção de novas casas é apenas uma de uma série de medidas anunciadas pelo governo israelense em resposta aos ataques. Entre elas estão o bloqueio da cidade palestina de Bani Naim, na Cisjordânia, onde vivia o jovem palestino que assassinou a menina israelense, e o cancelamento das licenças de trabalho dos familiares do garoto.
O governo de Israel já havia decretado na sexta-feira o bloqueio das estradas que levam a Hebron, onde vivem mais de 700 mil pessoas, e anunciado a retenção de impostos que deveriam ser transferidos para a ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Agência Efe
Equipes prestam atendimento a vítimas após carro de israelenses ser alvejado nos arredores de Kiryat Arba
Também na sexta-feira, uma palestina foi morta a tiros por agentes de segurança israelenses em Hebron. Segundo a polícia, ela teria sacado uma faca para agredir uma policial que a revistava.
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Já no posto de controle de Qalandiya, próximo de Ramallah, também na Cisjordânia, um homem palestino morreu enquanto muçulmanos tentavam chegar a Jerusalém para participar das orações na cidade. De acordo com fontes do hospital onde a vítima foi atendida, ele sofreu um ataque cardíaco em decorrência de inalação de gás lacrimogêneo.
“Há sangue nas mãos de Zuckerberg”, diz ministro israelense
O ministro de Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, afirmou neste domingo (03/07) que redes sociais como o Facebook são responsáveis pelo aumento da violência na região, ao considerar que o serviço é uma “plataforma de incitação” contra o país.
Erdan disse à imprensa israelense que o Facebook se transformou em um “monstro” desde a ascensão do grupo extremista Estado Islâmico e o fortalecimento do terrorismo no mundo. “O sangue de algumas das vítimas está nas mãos de Mark Zuckerberg”, afirmou sobre o fundador da rede social.
O jornal “Yedioth Ahronoth” também divulgou hoje parte do plano proposto pelo ministro de Educação, Naftali Bennett, para frear os ataques. Entre as medidas está o bloqueio de internet e tecnologia 3G no distrito palestino de Hebron para conter o que foi chamado por ele de “terrorismo virtual”.
A “intifada das facas” e a ocupação israelense
Desde o início em outubro do ano passado da onda de violência denominada de “intifada das facas”, 35 israelenses morreram durante ataques de palestinos utilizando principalmente facas e outras armas brancas. No mesmo período, pelo menos 200 palestinos foram assassinados pelas forças de segurança de Israel após os ataques ou durante manifestações na região.
Na sexta-feira (01/07), o Quarteto para o Oriente Médio – grupo formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU – divulgou um relatório em que afirma que Israel deveria paralisar a construção de assentamentos que impedem o desenvolvimento palestino. O documento indica que pelo menos 570 mil israelenses vivem nos assentamentos, considerados ilegais de acordo com leis internacionais.
O texto afirma também que líderes palestinos deveriam condenar agressões de palestinos contra israelenses, o que, de acordo com o Quarteto, não vem ocorrendo.
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, também pediu mudança nas políticas de Israel em relação a palestinos no início da semana, quando visitou a região. “Não podemos ignorar as causas da violência: a crescente raiva dos palestinos, a paralisia do processo de paz, o meio século de ocupação. Elas não justificam o terrorismo, mas apenas serão resolvidas por ação política”, disse Ban a Netanyahu, acrescentando que o premiê israelense necessita de “esperança” e “horizonte político”.
*Com Agência Efe