O mais sofisticado opositor de Hugo Chávez (1954-2013), morreu nesta semana, aos 86 anos. Trata-se de Teodoro Petkoff Malek, filho de imigrantes búlgaros e poloneses.
Dirigente comunista desde o final dos anos 1950, Teodoro e seu irmão Luben Petkoff (1933-99) ingressaram nas FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional) no início da década seguinte, quando tornou-se claro que os espaços institucionais de participação fecharam-se sob o grande acordo entre as classes dominantes, denominado Pacto de Punto Fijo (1961).
Petkoff fez o trajeto de muitos ex-comunistas. Divergiu da ocupação soviética na Checoslováquia, em 1968, e suas posições caminharam aceleradamente para a direita. No ano seguinte lança a obra que marcaria seu rompimento com o socialismo – e prenúncio de sua mudança de lado -, “Checoslováquia: el socialismo como problema”.
Em 1971, abandona o Partido Comunista a cria o Movimiento al Socialismo (MAS), de tendência socialdemocrata. Ao longo dos anos mesclou sua atividade jornalística com a de político. Entre 1993-96, no governo do democrata cristão Rafael Caldera, assumiu o cargo de ministro da Coordenação do Planejamento e disputou por três vezes a presidência da República. Em 2000, após a eleição de Chávez, lançou o tablóide diário Tal Cual, agudo crítico do governo.
Petkoff foi um dos apoiadores do golpe de 2002, do qual se arrependeu em poucas semanas.
É difícil compará-lo com alguma figura da política brasileira. Formalmente seria um tucano de primeira geração, com uma diferença marcante: a certa altura, colocou a vida em risco na defesa de suas ideias.
Chávez o detestava, mas levava em conta sua sagacidade política. Sei, por amigos comuns, que pelo menos uma vez manteve com o jornalista longa conversação.
Eu o entrevistei três vezes. Era muito mais racional que os brucutus da oposição chavista e alguém de quem se podia discordar de alto a baixo de forma aberta. Mudou de lado com ênfase e convicção. Aliou-se com o que existe de pior na vida pública local, assunto que o incomodava quando interpelado. Mas sua cultura e inteligência faziam a conversa sempre valer a pena.
Não sei se fará falta. Mas, depois da morte de Chávez, é mais um indicativo do fim de uma era da política venezuelana.
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