O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, voltou a atacar a imprensa e a esquerda de seu país neste sábado (10/7) após a realização de uma greve por parte de jornalistas italianos na sexta-feira (9/7) em resposta a chamada “lei da mordaça”, que limita o uso e difusão das escutas telefônicas nas investigações oficiais.
Após pedir a seus simpatizantes para que o ajudem a dar fim à “mordaça imposta à verdade” por uma imprensa alinhada com a esquerda e hostil a seu governo por meio de um comunicado emitido para a associação Promotores da Liberdade, pertencente ao seu partido, o Povo da Liberdade, Berlusconi disse que tanto os jornalistas quanto a esquerda italiana invocam a liberdade de imprensa como se fosse um “direito absoluto”, que para ele “não existe” na democracia.
“Uma imprensa que desinforma, que não só distorce a realidade, mas também pisoteia sistematicamente no sagrado direito à privacidade dos cidadãos invocando a liberdade de imprensa como se fosse um direito absoluto. Mas na democracia não existem direitos absolutos, já que todos os direitos encontram um limite em outros direitos igualmente válidos”, disse Berlusconi.
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Em razão da greve convocada pela FNSI (Federação Nacional da Imprensa Italiana) as bancas de jornal da Itália ficaram praticamente vazias e com um número bastante reduzido de publicações. Os dois principais diários do país, o milanês Corriere della Sera e o romano La Repubblica, nao foram publicados e seus sites também ficaram sem atualização. Entre os poucos que foram publicados, está o Il Giornale, de propriedade família Berlusconi.
A lei, que está em trâmite no Parlamento italiano, estabelece, entre outras medidas, penas de até 30 dias de prisão ou multas de até dez mil euros (equivalente a 12.600 dólares) para os jornalistas que publicarem escutas durante as investigações.
Justificativa
A greve “pode parecer uma contradição perante uma lei que limita a liberdade de informação, assinada por um primeiro-ministro que convida os leitores a fazerem greve contra os jornais”, afirma em seu manifesto o jornal La Repubblica.
“Na realidade, é um gesto de responsabilidade dos jornalistas italianos para denunciar o governo e chamar a atenção de todos os cidadãos sobre a gravidade de uma norma que atenta contra a legalidade, a luta contra o crime e a livre e transparente circulação de notícias”, prossegue.
O jornal romano explica que a greve desta pretende também permitir que o público das televisões saiba o que realmente ocorre na Itália, um país no qual seu primeiro-ministro é proprietário dos canais privados mais importantes.
“Pedimos desculpas aos leitores. Os jornalistas do Corriere estão em greve e perdem parte de seu salário, não por um conflito econômico e também não para defender privilégios corporativos, mas por uma batalha civil que nos situa, contra nossa vontade, na linha de frente”, comenta o Conselho de Redação do jornal milanês em seu manifesto.
*Com Agência Efe
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