Da base de Dongchang-ri, província de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, as autoridades lançaram um novo objeto que se presume ser “um míssil balístico”, nesta terça-feira (21/11), provocando o Japão que, logo em seguida, acusou as autoridades norte-coreanas “veementemente”, dizendo que se tratava de uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O uso de tecnologias de mísseis balísticos é condenado por Tóquio, Seul e Washington. As três nações firmaram em agosto, em Camp David, um acordo para fortalecer suas conexões de segurança e economia. Este encontro discutiu várias questões, incluindo o despejo das águas residuais de Fukushima ao Oceano Pacífico e uma aproximação forçada pelos Estados Unidos – e “mal-vista” pela população coreana por razões históricas – entre a Coreia do Sul e o Japão.
O lançamento marca a terceira tentativa norte-coreana e ocorre 89 dias depois da anterior, fracassada, vez em que a Guarda Costeira japonesa chegou a pedir a Pyongyang o abandono dos preparativos para este novo teste. Desta vez, o aviso por parte da Coreia do Norte foi dado um dia antes, dando uma previsão para o lançamento entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro.
Reação do governo japonês
Em coletiva de imprensa, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, porta-voz do governo japonês, não só colocou o Japão como também todos os países em situação de ‘refém’ das ações da Coreia do Norte, terça-feira (21/11):
“A série de ações da Coreia do Norte, incluindo os sucessivos lançamentos de mísseis, são ações que ameaçam a paz e a segurança do Japão, da região e da comunidade internacional”.
O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida também criticou: “mesmo que seja um satélite artificial, isso é uma violação das resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU. É uma questão relacionada com a segurança das pessoas”.
O porta-voz, por sua vez, acrescentou que já solicitou diversas vezes a interrupção do lançamento, classificando-o de “problemático” tanto para aeronaves, navios e civis. “Protestamos, veementemente, contra a Coreia do Norte e a condenamos nos termos mais rigorosos possíveis”.
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Coreia do Norte lança satélite e gera alerta pela tríade formada por Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos
Pelo fim da noite no Japão, o Ministério da Defesa japonês havia emitido uma ordem de evacuação para os residentes de Okinawa, alertando que a Coreia do Norte teria lançado um projétil no qual “acredita ser um míssil balístico” em direção à província. Nove minutos depois, a medida foi suspensa sob alegação de que o material teria atravessado para o Oceano Pacífico.
Aliada da Rússia gera preocupação à tríade
A Coreia do Sul continua ameaçando tomar providências, com o uso das forças do exército sul-coreano, caso Pyongyang insista nos testes. Na segunda-feira (20/11), os militares sul-coreanos intimaram a Coreia do Norte a suspender “imediatamente” os preparativos para a operação, uma vez que já se criava uma expectativa de que o lançamento ocorreria em breve.
Até o momento, o presidente sul-coreano Yoon Seok Yeol, que está cumprindo uma agenda internacional e está no Reino Unido, não se pronunciou.
Embora um dia antes o Departamento de Estado dos Estados Unidos também tenha manifestado preocupação com o aviso prévio de lançamento de satélite, ainda não houve uma resposta oficial do governo norte-americano sobre o satélite, que ocorreu pela manhã pelo horário local.
O lançamento ocorre no momento em que a Rússia reforça seus laços diplomáticos com a Coreia do Norte. Em outubro, após uma reunião, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse que o país “é um vizinho próximo e sócio de longa data”. Antes do encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, o chanceler russo havia denunciado a política militar dos Estados Unidos e de seus aliados Japão e Coreia do Sul com relação a PyongYang como “perigosa”.
“Assim como nossos amigos norte-coreanos, estamos seriamente preocupados com a intensificação das atividades militares dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul na região e com a política de Washington”, declarou o ministro russo, em uma coletiva.
E por outro lado, início de novembro, em visita à Coreia do Sul, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também havia denunciado laços militares “crescentes e perigosos” entre Pyongyang e Moscou. As autoridades sul-coreanas também demonstraram preocupação, acreditando que exista um intercâmbio de forças bélica e espacial entre ambos os países.