O papa Francisco lamentou a morte da líder histórica da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, em uma mensagem enviada à entidade no último domingo (20/11).
“Nesse momento de dor pela morte de Hebe de Bonafini, mãe da praça, quero estar próximo a vocês e a todas as pessoas que choram a sua partida. Ela soube transformar sua vida, como vocês, marcada pela dor dos filhos e filhas desaparecidos em uma busca incansável pela defesa dos direitos dos mais marginalizados e invisíveis”, afirma o texto do pontífice.
No documento, o líder da Igreja Católica lembrou de um encontro que teve com Bonafini no Vaticano e disse que a argentina “transmitia sua paixão por querer dar voz a quem não tinha”.
“Sua valentia e coragem, em momentos onde imperava o silêncio, impulsionou e depois manteve viva a busca pela verdade, pela memória e pela justiça. Uma busca que a levou a marchar semanalmente para que o esquecimento não tomasse as ruas e a história, e o compromisso com o outro foi a melhor palavra e antídoto contra as atrocidades cometidas”, pontuou ainda.
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Líder da Igreja Católica disse que argentina "transmitia sua paixão por querer dar voz a quem não tinha"
O pontífice ainda diz que “reza ao Senhor para que lhe dê o descanso eterno e que não permita que todo o bem realizado seja perdido. “E para vocês, que ele as conforte e as acompanhe para continuar a ser as Mães da Memória”, finaliza.
Nascida como Hebe María Pastor, a ativista pelos direitos humanos cresceu em uma família de classe média de Buenos Aires. Em abril de 1977, no ápice da ditadura militar, fez o primeiro protesto ao lado de outras 13 mulheres em frente à sede do poder da capital argentina pedindo pelos desaparecidos. Bonafini perdeu o filho e a nora para a ditadura daquela época.
A presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, morreu neste domingo os 93 anos. Bonafini ficou internada em outubro, após passar três dias no Hospital Italiano da cidade de La Plata para exames médicos.
Mãe de dois filhos desaparecidos, defensora e ativista dos direitos humanos, Bonafini fundou a associação para dar visibilidade aos desaparecimentos de pessoas durante a última ditadura na Argentina (1976-1983). Além disso, ela foi uma importante voz contra o imperialismo e o avanço do neoliberalismo na América Latina. Foi uma dura opositora aos governos liberais de Carlos Menem e Maurício Macri.
(*) Com Ansa