A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta segunda-feira (10/04) um relatório que traz informações sobre dezenas de execuções extrajudiciais realizadas dentro das prisões de El Salvador desde março de 2022, quando o presidente Nayib Bukele instalou o regime de exceção com a justificativa de “acabar com o crime organizado”.
O informe, realizado em conjunto com o Instituto de Direitos Humanos da Universidade da América Central (Idhuca) e a Rede Salvadorenha de Defensores de Direitos Humanos, afirma que ao menos 118 pessoas morreram nos últimos treze meses nos centros penitenciários de El Salvador.
O levantamento também faz um destaque para os dois centros penitenciários com mais registros de execuções: Izalco, na região Oeste do país, onde aconteceram 52 mortes; e Mariona, na região metropolitana da capital San Salvador, com 19 mortes.
Além das mortes nos presídios, também há registos de 68 detentos falecidos em centros hospitalares para onde foram encaminhados após sofrerem algum tipo de agressão ou acidente não especificado, e outros oito casos em que os presos foram dados como mortos após serem levados a um local não especificado nos registros oficiais.
Somando todos os casos, chega-se ao um número total de 194 pessoas mortas sob a custódia do Estado salvadorenho durante o regime de exceção de Bukele.
Polícia Nacional Civil de El Salvador
Política de Bukele para os centros penitenciários tem sido questionada por entidades defensoras dos direitos humanos
O documento aponta que outro problema com relação aos casos das execuções extrajudiciais é a falta de investigação sobre os responsáveis por essas ações, uma das consequências das medidas adotadas pelo governo de Bukele a partir da instalação do regime de exceção.
“De acordo com os dados coletados e com a ajuda de alguns meios de imprensa que também trabalham no monitoramento dos casos, pudemos estabelecer que a grande maioria dos casos eram de pessoas do sexo masculino entre 18 e 50 anos”, afirma o relatório.
Apesar dos números mostrarem um cenário que justifica os questionamentos sobre o respeito aos direitos humanos em El Salvador, a política de execuções extrajudiciais tem favorecido o presidente Bukele, cuja popularidade saltou para 91% em pesquisa divulgada em março passado pelo diário local La Prensa Gráfica e pela consultora LPG Datos.
(*) Com informações de TeleSur e La Prensa Gráfica