Movimentos e organizações populares do Vale do Paraíba e do litoral norte de São Paulo criaram, no final da última semana, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pedro Lobo (CDDH-PL) para promover e articular iniciativas que possam apoiar na luta contra as violações à população marginalizada da região.
O centro conta com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Nação Hip Hop Brasil (Universal Zulu Nation), Fórum de Comunidades Tradicionais/Caiçaras, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (CONAQ), comunidades indígenas, Associação LGBT+ de São José dos Campos, entre outras. O ato de criação ocorreu no sábado (22/08), de maneira virtual.
Em entrevista a Opera Mundi, Sabrina Diniz, que faz parte da coordenação do centro, disse que a ideia é fortalecer as instituições que estão na luta contra a “escalada da repressão, retirada e violação dos direitos humanos”.
“A proposta de trabalho é apoiar a luta desses movimentos e organizações populares. Apoiar a luta desses atores da forma que for necessário para que eles conquistem seus direitos”, afirmou.
Diniz disse que o nome do centro foi pensado a partir de dois pontos: homenagear alguém que fosse da região e que, também, estivesse engajado na luta pelos direitos humanos. A escolha da conselho foi o ex-guerrilheiro Pedro Lobo, que, segundo a coordenadora, ainda hoje apoia tais causas.
Reprodução/Facebook Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pedro Lobo
Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pedro Lobo é integrado por movimentos e organizações populares
“Pedro Lobo nunca negou sua história de vida nesse combate ao regime autoritário. Nossa proposta de homenageá-lo é por ele ser de Natividade da Serra e por ter uma luta história nos direitos humanos no país”, declarou.
A assembleia de criação do CDDH-PL contou com cerca de 50 pessoas. Segundo Diniz, o centro tem apoio de pessoas que “atuam em instituições que estão na defesa dessa luta pela garantia e efetivação dos direitos humanos”.
“Não falamos em direitos humanos como algo abstrato, mas sim de algo concreto. É o direito à moradia, ao território, à alimentação saudável, direito à própria existência, ao lazer e à arte”, disse.
Por conta da covid-19, a coordenadora aponta que a atuação dos movimentos populares e dos centros de defesa se faz ainda mais necessária para mudar o cenário de desmonte e avanço sobre o “território e corpos dessas pessoas”.
“Temos uma escalada de violação dos direitos humanos nesse contexto de pandemia, que conta com a participação desse governo à violência. Então, acreditamos que só essa população marginalizada, com o apoio de diversas instituições, tais como o CDDH-PL, pode mudar esse cenário”, disse.