Terça-feira, 8 de julho de 2025
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Atualização às 16h27

O procurador especial Robert Hur, responsável pela investigação sobre a posse ilegal de documentos secretos pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu não incriminá-lo.

Ele concluiu que Biden conservou e divulgou voluntariamente materiais altamente classificados quando era um cidadão comum, incluindo documentos sobre política militar e externa no Afeganistão e outras questões sensíveis de segurança nacional.

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Apesar de criticar a gestão, Hur disse que quando era vice-presidente, o político “tinha autoridade para manter documentos confidenciais em sua casa” e que, em um julgamento, Biden se mostraria como “um homem idoso e com pouca memória”.

Apesar de não ter repercussões legais, a decisão acrescenta uma camada de embaraço a sucessivas gafes de Biden, que vem trocando nomes de autoridades e tem sido atacado pela campanha presidencial de Donald Trump por sua idade (Biden tem 81 anos; Trump tem 77).

Além disso, durante a campanha presidencial, Biden deve perder a oportunidade de atacar Trump por manter documentos confidenciais em seu resort de Mar-a-Lago.

Oficialmente, a Casa Branca manifestou satisfação pela decisão, mas contestando os comentários “imprecisos e inapropriados”.

“Estou feliz. O caso está fechado. Eu cooperei. Sempre trabalhei para proteger a segurança dos Estados Unidos”, garantiu Biden.

Já Trump criticou a decisão: “Este caso mostrou que o sistema judiciário tem um duplo padrão e os processos contra mim são seletivos e inconstitucionais!” O caso de Biden é 100 vezes diferente e mais grave que o meu”.

Na última segunda-feira (06/02), um tribunal de Washington decidiu que o ex-presidente não teria imunidade presidencial para protegê-lo contra as acusações da invasão ao Capitólio, em 2021.  Segundo a decisão, Trump será julgado e defendido como “qualquer outro réu criminal”.

Em plena campanha eleitoral, presidente dos EUA era alvo de investigação por posse de documentos de segurança nacional; Trump critica decisão

U.S. Secretary of Defense/Flickr

Procuradoria decidiu que Biden conservou e divulgou voluntariamente materiais altamente classificados quando era um cidadão comum

Memória de Biden sob dúvida

O relatório com mais de 380 páginas de Hur conclui o arquivamento com o respaldo sobre a saúde mental de Biden, em especial sobre a situação de sua memória.

Comentando o documento, o presidente rebateu: “Minha memória está boa”. No entanto, o relator escreveu sobre uma “memória significativamente limitada” durante as entrevistas do processo, em 2023. 

Para Hur, caso as acusações levassem Biden a um julgamento, sua idade seria um fator para questionar sua capacidade de “cometer um crime intencionalmente”. 

“Seria difícil convencer um júri de que deveria condená-lo – então um ex-presidente com mais de oitenta anos – por um crime grave que requer um estado mental de obstinação”, afirma o relatório. 

O documento chega a afirmar que Biden não se lembrava de seu período como vice presidente de Barack Obama (2009-2017), ou de lembrar o momento da morte de seu filho Beau, em 2015, por tumor cerebral. 

Além disso, o mandatário apresentou dificuldades de manter um debate sobre o Afeganistão, país cujos documentos que tinha posse estavam relacionados. 

Por sua vez, a defesa do presidente Biden afirmou que suas confusões mentais provinham de estar inserido “em uma crise internacional”, tendo a entrevista acontecido dias após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. 

Em carta enviada ao relator, os advogados pessoais de Biden, Richard Sauber e Bob Bauer, contestaram a forma que o documento tratava a saúde mental do presidente. 

“Não acreditamos que o tratamento dado pelo relatório à memória do presidente Biden seja preciso ou apropriado. O relatório utiliza uma linguagem altamente prejudicial para descrever uma ocorrência comum entre as testemunhas: a falta de recordação de acontecimentos ocorridos há anos”, dizia a carta. 

(*) Com Ansa