O fotojornalista palestino Motaz Azaiza anunciou nesta terça-feira (23/01) nas suas redes sociais que decidiu deixar a Faixa de Gaza e suspender a cobertura da guerra entre o Hamas e Israel.
Desde o início da guerra, Azaiza esteve na linha da frente do conflito, documentando o cotidiano de Gaza sob bombardeio israelense e compartilhando atualizações diárias sobre os acontecimentos no território palestino. Em sua publicação, o profissiona não especificou as razões da sua decisão.
O fotojornalista de 24 anos ganhou fama internacional por suas reportagens em Gaza. A revista GQ Middle East, com sede em Dubai, dedicou a manchete da sua edição de dezembro de 2023, considerando-o como “o homem do ano”.
Ao suspender a cobertura da guerra, Azaiza segue os passos da jornalista palestina Plestia Alaqad, que se destacou ao cobrir os primeiros dois meses do conflito na região antes de partir para a Austrália com a sua família.
Outro caso é o do chefe do escritório de Gaza do canal catari Al-Jazeera, Wael el-Dahdouh, que perdeu vários parentes e ficou ferido durante a cobertura da ofensiva militar israelense. Ele deixou Gaza em meados de janeiro e passou a morar em Doha, capital do Catar.
So,
I had to evacuate for a lot of reasons you all know some of it but not all of it.
Thank you all
Pray for Gaza. pic.twitter.com/sIqULe9d5V
— MoTaz (@azaizamotaz9) January 23, 2024
'Herói' do fotojornalismo
Desde o início da guerra, o fotojornalista acumulou milhões de seguidores em múltiplas plataformas.
Seus seguidores no Instagram cresceram de cerca de 27.500 para 18,25 milhões, de acordo com análise de mídias sociais feita pela Al Jazeera.
Instagram/@motaz_azaiza
Fotojornalista Motaz Azaiza documentando a guerra na Faixa de Gaza
Sua conta no Facebook cresceu de um ponto de partida semelhante para quase 500.000 seguidores. Ele agora tem um milhão de seguidores no X, anteriormente conhecido como Twitter.
Além de suas postagens nas redes sociais, Azaiza produziu conteúdo para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNWRA).
Atacando o mensageiro
Os jornalistas têm pago um preço alto desde 7 de outubro de 2023. Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), pelo menos 100 profissionais foram mortos durante a cobertura do conflito.
De acordo com o último relatório do Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 25.490 pessoas foram mortas e 63.354 ficaram feridas desde o início do conflito.
No seu censo anual divulgado na quinta-feira passada (18/01), o CPJ afirmou que “Israel se tornou uma das maiores prisões de jornalistas do mundo desde o início da guerra entre Israel e Gaza, em 7 de outubro”. Pela primeira vez desde o censo de 1992, o Estado de Israel está entre os seis primeiros países do ranking.
O Tribunal Penal Internacional confirmou em 9 de janeiro que está investigando potenciais crimes contra jornalistas desde o início da ofensiva militar de Israel em aza. Tel Aviv negou as acusações, dizendo que tem como alvo apenas militantes do Hamas.