Pressionado pela comunidade internacional, Israel declarou nesta quinta-feira (04/04) que a investigação sobre a conduta de suas forças militares referente ao ataque aéreo que matou sete trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza pode levar semanas.
“Nas próximas semanas, à medida que as descobertas se tornarem claras, seremos transparentes e compartilharemos os resultados com o público”, anunciou a porta-voz do governo israelense, Raquela Karamson, acrescentando que haverá “ajustes nas táticas” do Exército para que casos como este não se repitam futuramente.
O ataque liderado por Tel Aviv ao comboio da organização não governamental Word Central Kitchen (WCK) tem sido repudiado por diversos países, incluindo aliados, como os Estados Unidos.
De acordo com o jornal The Times of Israel, nesta quarta-feira (03/04) o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, conversou por telefone com seu homólogo israelense, Yoav Gallant, para expressar “sua indignação” em relação às Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) pelo ataque à WCK, alertando que o episódio pode impactar “em futuras operações” na Faixa de Gaza.
O comunicado divulgado pelo Departamento de Defesa norte-americano acrescentou que Austin criticou as operações israelenses por terem cometido “repetidas falhas de coordenação com grupos de ajuda estrangeira” durante a guerra, pedindo que a nação “tome imediatamente medidas concretas para proteger os trabalhadores humanitários e civis palestinos” e cobrando uma investigação “rápida e transparente” para “responsabilizar os responsáveis”.
![](https://controle.operamundi.uol.com.br/wp-content/uploads/2024/04/gkmxph-xmaags9p.jpeg)
Ataque aéreo de Israel matou sete funcionários humanitários da World Central Kitchen, em Gaza
A emissora catari Al Jazeera também afirma que Tel Aviv “tem estado sob imensa pressão de seus aliados”, uma vez que o ataque vitimou cidadãos da Palestina, Austrália, Polônia, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Segundo as autoridades israelenses, que reconheceram a autoria da operação aérea, tratou-se de um “erro de identificação”. O premiê Benjamin Netanyahu também tentou normalizar a situação, afirmando que casos como esse “acontecem” em uma guerra.
“Foi um caso trágico no qual nossas forças atingiram sem intenção pessoas inocentes na Faixa de Gaza”, comentou Netanyahu, na terça-feira (02/04) do ataque.
No entanto, a Al Jazeera relatou que uma investigação conduzida pela Agência de Verificação Sanad, da própria emissora, descobriu que o ataque “foi intencional”, com as forças israelenses atingindo sucessivamente três veículos de ajuda “claramente marcados”.
O fundador da WCK, José Andrés, afirmou que Israel teve como alvo seus trabalhadores “sistematicamente, carro a carro”, acrescentando que Tel Aviv tinha uma comunicação clara com os militares israelenses, que conheciam seus movimentos.