Atualizada em 13/09/2017, às 12h00
Após a morte de Joseph Stálin em 5 de março de 1953, Georgy Malenkov foi eleito pelo Politburo para sucedê-lo. Seu mandato foi muito curto e, em 13 de setembro do mesmo ano, o eleito é Nikita Kruschev.
A nova liderança sob seu comando logo iniciou um período conhecido como desestalinização: declarou anistia para diversos prisioneiros políticos; anunciou corte de preços; pôs fim ao trabalho forçado nos ‘gulags’, entre várias medidas de liberalização do regime.
Depois de breve período de liderança coletiva, aos poucos Kruchev foi assumindo o controle do poder. Num um discurso “Sobre o culto à personalidade e suas consequências” para uma sessão fechada do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 25 de frevereiro de 1956, Kruchev denunciou os crimes cometidos por Stalin e seus colaboradores próximos. Além disso, afirmou que a visão ortodoxa da inevitabilidade da guerra entre o mundo capitalista e comunista não era verdadeira.
Defendeu a concorrência com o Ocidente e a coexistência pacífica entre os dois sistemas, mas acrescentou que se os capitalistas desejassem a guerra a União Soviética iria responder com a mesma moeda.
Kruschev afrouxou as restrições, liberando milhões de presos políticos – a população nos gulags diminuiu de 13 milhões em 1953 para cinco milhões entre 1956-57, sendo a grande maioria de criminosos comuns.
O dirigente também iniciou “O Degelo”, uma mudança complexa na vida política, cultural e econômica na União Soviética, que incluía abertura e contato com outras nações e novas políticas sociais e econômicas com mais ênfase em bens de consumo, permitindo que os padrões de vida subissem drasticamente. Em contrapartida, reintroduziu campanhas anti-religiosas agressivas, fechando muitas igrejas e casas de culto.
Esse afrouxamento causou forte impacto sobre outros países da Europa Oriental, incomodados com a influência soviética em seus assuntos. Revoltas eclodiram na Polônia no verão de 1956, o que levou o Partido Comunista polonês a eleger Wladyslaw Gomulka como chefe de governo sem consultar o Kremlin.
Kruschev aproximou Moscou dos países da África e da Ásia que acabavam de conquistar a independência do colonialismo europeu. Em setembro de 1959, tornou-se o primeiro líder soviético a visitar os Estados Unidos.
Em novembro de 1956, a sublevação húngara foi duramente reprimida pelas tropas soviéticas. A insurreição húngara foi um golpe para comunistas ocidentais que passaram a criticar as ações soviéticas.
No ano seguinte, Kruschev derrotou o chamado “Grupo Anti-Partido” que reunia stalinistas dispostos a recuperar o poder. O secretário-geral, apoiado no ministro da Defesa e optando por soluções menos traumáticas do que mortes e prisões, acabou por dispersá-los: Georgui Malenkov foi designado para dirigir uma estação de energia no Cazaquistão; Viatcheslav Molotov, embaixador na Mongólia e posteriormente representante do país na Agência Internacional de Energia.
Kruchev torna-se primeiro-ministro em 27 de março de 1958, consolidando seu poder. Era a mais alta autoridade, sem nunca ter alcançado, porém, o poder absoluto que Stálin deteve.
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A ajuda aos países em desenvolvimento e a pesquisa científica, especialmente em tecnologia espacial e de armamento, marcaram a União Soviéticva como uma das duas superpotências do planeta. É lançado pela primeira vez na história o Sputnik I, que orbitou a Terra em 1957. Os soviéticos também enviaram o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagárin, em 1961.
Kruschev tentou realizar reformas em vários campos. Na agricultura, o Estado incentivou os camponeses a produzir mais em suas terras privadas, pagou mais pelas safras produzidas em fazendas coletivas, ajudou a que investissem mais pesadamente na agricultura.
No entanto, continuou a acreditar nas teorias do biólogo Trofim Lyusenko, figura importante na Era Stálin. Abriu para o cultivo grandes extensões de terras virgens no Cazaquistão e outras áreas, porém suscetíveis a secas. Essas reformas agrícolas revelaram-se contraproducentes, apesar de algumas boas safras. Os planos para o cultivo de milho e o aumento da produção de carne e laticínios falharam. A reorganização dos kolkhoses – fazendas coletivas – em unidades maiores provocou confusão no campo.
Por outro lado, num movimento politicamente motivado para enfraquecer a burocracia central do Estado, eliminou em 1957 os ministérios industriais centrados em Moscou e os substituiu por conselhos econômicos regionais (sovnarkhozes). A descentralização da indústria levou a rupturas e à ineficiência. A bifurcação do aparelho de Estado em setores industriais e agrícolas contribuiu para a desorganização econômica. Em 1963, Kruchev teve de abandonar seu plano setenal (1959-1965) uma vez que as estimativas eram desalentadoras.
Quanto à política de defesa, Kruschev tratou de cortar o orçamento militar, alegando que o arsenal nuclear soviético era elemento de dissuasão suficiente para eventual agressão externa.
Em meados dos anos 1960, embora a produção industrial e o padrão de vida estivessem crescendo com vigor, o setor agrícola enfrentava grave crise devido às sucessivas más colheitas. Por outro lado, a ruptura com a China, o Muro de Berlim e a Crise dos Mísseis abalaram o prestígio de Kruschev em seu próprio país, além do que seus esforços para melhorar as relações com o Ocidente esbarraram na hierarquia militar. Por último, a reorganização partidária causou tumulto em toda a cadeia de comando político. O poder começou a subir-lhe à cabeça e eram visíveis os sinais de culto à personalidade quando de seu 70º aniversário em abril de 1964.
Em outubro de 1964, estando Kruschev de férias na Crimeia, o Politburo resolve exclui-lo do organismo por unanimidade, recusando-se sequer a indicá-lo para o Comitê Central do Partido.
Foi aposentado como um cidadão comum, após o Pravda tê-lo descrito como “possuindo um cérebro ligeiro como a lebre, mas de decisões precipitadas e ações longe da realidade”.