Iniciada em 15 de maio de 1988, a retirada oficial das tropas da União Soviética do Afeganistão é concluída em 15 de fevereiro de 1989, sob a liderança do Coronel-General Boris Gromov, último oficial soviético a se retirar em conformidade com os termos dos Acordos de Genebra, assinados 10 meses antes.
Nos acordos, Afeganistão e Paquistão assinaram três instrumentos, em particular sobre não-intervenção e não-interferência, no retorno voluntário de refugiados afegãos e na retirada gradual de tropas estrangeiras. Nos primeiros três meses, 50.183 tropas estrangeiras se retiraram. Outras 50.100 saíram entre 15 de agosto de 1988 e 15 de fevereiro de 1989.
Tudo começou em 24 de dezembro de 1979, quando blindados do exército da União Soviética invadiram o Afeganistão sob o pretexto de garantir o cumprimento do Tratado de Amizade e Cooperação, assinado em 1978.
Os soviéticos invadiram o Afeganistão para derrocar o presidente Hafizullah Amin, que não tinha conseguido enfrentar os mujahedin, inimigos da União Soviética ateia. Amin foi substituído por Babrak Karmal. A URSS justificou a invasão com a necessidade de preservar o regime esquerdista afegão de seus inimigos internos e externos e manter a paz na Ásia Central.
Os soviéticos, entretanto, viram-se diante de uma forte resistência quando avançaram para o interior. Os mujahedin empregavam táticas de guerrilha, causando grande destruição, baixas e uma pressão psicológica elevada, sem que os guerrilheiros sofressem perdas ao evitar as batalhas campais. Os combatentes afegãos também tinham armamento capturado dos soviéticos e, principalmente, apoio dos EUA.
O curso da guerra mudou definitivamente quando Washington passou a abastecer os mujahedin, a partir de 1987, com mísseis antiaéreos Stingers, facilmente transportados e disparados dos ombros dos combatentes. Esse armamento permitiu-lhes abater regularmente helicópteros e aviões que voavam a baixa altitude.
O novo líder soviético, Mikhail Gorbachev, decidiu então que era hora de se retirar. Desmoralizadas, as forças soviéticas começaram deixar o campo de batalha. Ao todo, 15 mil soldados foram mortos na guerra, sem contar os milhares de feridos.
O impacto em longo prazo foi profundo. Primeiro, os soviéticos jamais se recuperaram das perdas em termos de imagem pública internacional e dos dispêndios financeiros, fatores que contribuíram significativamente para o fim da URSS em 1991. Por outro lado, criou um fértil terreno para a ascensão de Osama Bin Laden, que posteriormente encabeçaria os ataques de 11 de Setembro de 2001.
*Com apuração de Max Altman