Ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Aaron Burr é preso em 19 de fevereiro de 1807, no estado do Alabama, acusado de planejar a anexação de território espanhol no estado da Louisiana e no México para ser usado no estabelecimento de uma república independente.
Em novembro de 1800, Thomas Jefferson e seu colega de chapa, Aaron Burr, derrotaram o então presidente, candidato à reeleição, John Adams. Ocorre que no Colégio Eleitoral ambos tiveram 73 votos. O voto de desempate foi então levado ao Congresso para ali ser decidido. O federalista Alexander Hamilton foi fundamental para romper o impasse em favor de Jefferson. Burr, por ter terminado em segundo, tornou-se vice-presidente.
Durante os anos que se seguiram, o presidente Jefferson distanciou-se de seu vice-presidente, não apoiando a indicação de Burr para um segundo mandato em 1804. Uma facção dos federalistas, que tiveram suas fortunas drasticamente diminuídas após a ascensão de Jefferson, buscou alistar o insatisfeito Burr em seu partido.
No entanto, Hamilton opôs-se a essa jogada. “Considero o senhor Burr um homem perigoso e alguém em quem não se deve confiar as rédeas do poder”, teria dito, segundo um jornal de Nova York. O artigo também se referiu a outros momentos em que Hamilton expressou “opiniões ainda mais duras sobre Burr”. O vice exigiu desculpas e Hamilton recusou, de modo que Burr o desafiou a um duelo.
Em 11 de julho de 1804, a dupla se encontra para a disputa num remoto lugar em Weehawken, Nova Jersey. Hamilton, cujo filho havia sido morto em um duelo três anos antes, deliberadamente atirou para o ar, ao passo que Burr apertou o gatilho com a intenção de matar. Hamilton morreu em Nova York no dia seguinte. As questionáveis circunstâncias de sua morte levou a carreira política de Burr a um final melancólico.
Fugindo para o estado de Virgínia, viajou para Nova Orleans após ter concluído o mandato como vice-presidente. Lá, encontrou-se com o general James Wilkinson, um agente da coroa espanhola. A exata natureza do que os dois tramaram é desconhecida. Contudo, as especulações oscilavam entre o estabelecimento de uma república independente no sudoeste da América do Norte e a tomada de um território na América Espanhola para o mesmo propósito.
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Político era da mesma chapa de Thomas Jefferson no início de 1800, mas acabou distanciando-se do líder norte-americano
No outono de 1806, Burr comandou um grupo de colonos armados em direção à Nova Orleans, dando lugar a uma imediata investigação por parte das autoridades de Washington. O general Wilkinson, num esforço para salvar a própria pele, voltou-se contra Burr e enviou despachos à capital norte-americana, acusando Burr de traição à pátria. Em 19 de fevereiro de 1807, Burr foi preso no estado do Alabama, acusado de traição e enviado a Richmond, Virgínia, para ser julgado por uma corte federal.
Em 1º de setembro de 1807, Burr foi absolvido visto que, embora tenha conspirado contra os Estados Unidos, não podia ser culpado de traição, pois não se envolveu em “ato manifesto” – uma exigência para caracterizar traição, segundo a Constituição dos Estados Unidos. No entanto, a opinião pública condenou-o como traidor, levando-o a passar muitos anos na Europa antes de retornar a Nova York e reassumir sua banca de advogado.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.