Em 24 de dezembro de 1942, o monarquista Fernand Bonnier La Chapelle mata o alto-comissário na África francesa Jean François Darlan em sua residência em Argel. O assassino pediu que fosse recebido com urgência pelo almirante.
Ao entrar na Villa Arthur, carregava um guarda-chuva debaixo do braço, escondendo um revólver automático. Darlan foi ferido por diversos disparos, morrendo cerca de uma hora depois, aos 61 anos. O jovem assassino seria executado no dia 26 como resultado de um processo sumário.
Quem foi Jean François Darlan
Nascido em 7 de agosto de 1881, em Nerac, França, Darlan graduou-se na Academia Naval em 1902. Foi promovido rapidamente a postos superiores e em junho de 1939 alcançou o cargo de almirante de esquadra. Foi nomeado, dois meses depois, comandante-em-chefe da marinha francesa.
Após a rendição da França aos invasores alemães em junho de 1940, Darlan disse que estaria disposto a dirigir toda a esquadra do Reino Unido como meio de afastá-la das mãos dos germânicos. O primeiro ministro britânico Winston Churchill concordou, mas isso jamais aconteceu. Darlan foi rapidamente direcionado para uma posição no poder no governo colaboracionista de Vichy.
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Foi feito ministro da Marinha e, em seguida, comandante supremo das forças militares de Vichy sob o governo de Philippe Petain. Emitiu ordens para que a maior parte da marinha francesa seguisse para o norte da África para evitar a captura pelos Aliados. Não obstante, seria atacada pela Marinha Real britânica em Oran pouco depois.
Em novembro de 1942, quando as forces anglo-americanas lançaram sua ofensiva no norte da África, concretizando a Operação Tocha, Darlan estava em Argel, Argélia, visitando o seu filho gravemente enfermo.
O general Eisenhower valeu-se da proximidade geográfica de Darlan, ordenando que o diplomata norte-americano Robert Murphy e o general Mark Clark o convencesse a ajudar os Aliados em sua invasão. Darlan tinha dado a entender que poderia mudar de novo sua lealdade em troca de uma substancial ajuda financeira dos Estados Unidos para a França. Mas hesitou, em parte, porque ainda desconfiava dos britânicos desde o ataque a sua frota em Oran.
Cedeu, contudo, à luz da invasão germânica à França. Ordenou o cessar-fogo de uma força militar subordinada ao governo de Vichy a fim de permitir o desembarque dos Aliados no norte da África e sua progressão no terreno. Darlan assinou um armistício com os Aliados, incorporando suas tropas no seio das forças da França Livre do general Charles de Gaulle. Apesar disso, Darlan foi constantemente considerado um oportunista.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.