A presidente da associação Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, pediu à Justiça argentina a abertura dos arquivos da Secretaria de Inteligência de Estado (Side), nos quais “podem existir dados” a respeito do desaparecimento de crianças durante a ditadura (1976-1983). Estela falou nesta segunda-feira (11/04), pela segunda vez, a respeito de um processo judicial contra as autoridades na época, pela “apropriação” dos filhos de presos políticos desaparecidos. A líder da organização confirmou acreditar na existência de um “plano sistemático” para o roubo de bebês durante esse período.
“Está comprovado que a grande maioria [das crianças sequestradas] foram entregues a membros das Forças Armadas, de Segurança ou civis que eram cúmplices”, de um “plano sinistro” disse ela. De acordo com a militante de direitos humanos, apenas um pequeno número de crianças “foi adotado por pessoas de boa-fé”, ou seja, que não tinham conhecimento da procedência dos bebês, ou mesmo da forma como vieram a perder seus pais.
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A avó da Praça de Maio pede que “caia todo o peso da lei” sobre os responsáveis por essas atitudes, apesar de afirmar, diante de um tribunal em Buenos Aires, que não busca por “vingança”. Para ela, essa é “a única maneira para que nunca mais existam golpes de Estado ou ditaduras”.
Atualmente estão sendo julgados os ex-ditadores Jorge Videla e Reynaldo Bignona, entre outros envolvidos nas ações tomadas durante a ditadura argentina que violaram direitos humanos.
O movimento de Estela surgiu na década de 1970 após familiares de vítimas da repressão denunciarem à comunidade internacional os desaparecimentos de filhos de sequestrados políticos. As Avós da Praça de Maio conseguiram devolver a suas famílias mais de 100 netos, mas calculam que ainda faltam serem localizadas cerca de 400 pessoas.
O grupo foi um dos indicados ao Prêmio Nobel da Paz de 2010, cuja candidatura foi postulada no fim de janeiro pelo senador argentino Daniel Filmus, da Frente pela Vitória (FPV).
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