Presos que usavam o
relógio digital Casio F-91W tinham grandes chances de serem
classificados pelas autoridades norte-americanas como um “suspeito
de terrorismo”, conforme consta nos documentos secretos do
Pentágono obtidos pelo Wikileaks e que começaram a ser divulgados
na noite deste domingo (24/04).
Wikimedia Commons
As autoridades
norte-americanas apontavam como suspeito quem usasse o relógio por
acreditar que o aparelho era usado nos campos de treinamentos da Al
Qaeda. Segundo reportagem do britânico Guardian, um dos jornais que
tiveram acesso aos documentos secretos, cerca de um terço dos presos da
prisão norte-americana de Guantánamo, quando foram detidos pelo
Estados Unidos, carregam no pulso o relógio de pulso da marca
japonesa Casio do modelo F-91W. Alguns usavam a versão A-159W,
prateada do mesmo modelo de relógio.
“O Casio era
conhecido por ser dado aos estudantes da Al Qaeda que passaram por
treinamento no Afeganistão. Os alunos receberam instruções sobre
como preparar dispositivos sincronizados com o relógio”, consta no
documento. Segundo o Guardian, há mais de 50 relatórios
referindo-se a estes relógios, sendo que 32 registros discorrem
sobre o modelo F-91W e outros 20 tratam do prateado A-159W.
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Já o jornal espanhol El País explica que a relação entre os relógios e a técnica de
construção de bombas foi obtida em interrogatórios feitos dentro
da prisão de Guantánamo. “Essa é a marca da Al Qaeda, ela usa o
relógio para fazer bombas segundo o testemunho de vários presos
recolhido pelo Departamento de Defesa”, diz o jornal.
E aponta que, para os
norte-americanos, os usuários do Casio já tiveram contato ou relações com explosivos ou pessoas ligadas a esse tipo de
armamento.
O uso do modelo A-159W
é considerado uma das evidências de que o líbio Ismael Alí Bakush
tinha conhecimento de explosivos. “A posse do modelo prateado
A-159W reforça as informações que o identificam como um
especialista em explosivos”, completou a mensagem citada pelo El
País.
No domingo, os jornais que tiveram acesso às fichas de
759 dos 779 presos que passaram pela prisão de Guantánamo começaram
a publicar reportagens sobre o conteúdo dessa documentação.
Com data entre 2002 e
2009, as fichas revelam detalhes sobre os métodos usados pelos EUA
para tentar combater o terrorismo.
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