O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi anunciado nesta sexta-feira (9) como ganhador do Premio Nobel da Paz 2009, transformando-se no terceiro mandatário norte-americano a receber a honra enquanto ocupa o cargo.
O premio foi outorgado por unanimidade dos cinco membros do Comitê Nobel, pelas contribuições do presidente no redesenho das relações internacionais, dando prioridade à diplomacia e o diálogo, revelou o seu presidente, Thorbjorn Jagland.
A decisão foi uma surpresa mundial porque o Comitê recebeu 205 recomendações, mas o nome de Obama nunca considerado favorito.
Shawn Thew/EFE
Simpatizantes de Obama celebram a escolha do presidente para o Nobel da Paz
Quando foi anunciado, houve um silêncio de cortar à faca dentro da sala da Fundação Nobel, em Oslo, capital da Noruega, seguido de gritos de admiração entre os jornalistas presentes.
Em Washington passava das 5 da manhã e não houve uma reação imediata da Casa Branca. O presidente foi acordado pelo secretario de imprensa, Robert Gibbs.
Por volta das 7 da manhã, Gibbs disse informalmente aos jornalistas que o presidente estava “comovido” pelo prêmio. Todos os canais de noticias nos Estados Unidos interromperam a programação para anunciar a novidade.
“Nos seus nove meses de presença no governo, o presidente Barack Obama realizou esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia mundial e a cooperação entre os povos”, disse o Comitê Nobel norueguês, num comunicado.
Terceiro
É a terceira vez que um presidente norte-americano em funções ganha o Prêmio Nobel da Paz. Em 1906, este foi entregue ao presidente Theodore Roosevelt, pela sua participação nas negociações de paz entre a China e o Japão. Em 1919 foi para o presidente Woodrow Wilson, pela fundação da Liga das Nações, que dá origem às Nações Unidas.
Em 2002 o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2007 o ex-vice-presidente Al Gore, obtiveram o mesmo prêmio.
Obama deverá viajar a Oslo a 10 de dezembro para receber o prêmio de 1,4 milhão de dólares. Segundo revelou o Comitê Nobel, houve 205 indicados ao Nobel da Paz.
O prêmio surge num momento em que a popularidade de Obama dentro dos Estados Unidos tem caído, principalmente depois que na semana passada o Rio de Janeiro obteve a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, em vez da cidade de Chicago, onde o presidente e sua mulher têm raízes.
Obama viajou a Copenhagen para fazer um ultimo apelo ao Comitê Olímpico para outorgar a sede das Olimpíadas a Chicago, mas ao regressar de mãos vazias, muitos norte-americanos o criticaram e a oposição republicana não perdeu a oportunidade de atacá-lo por isso.
“Decidimos entregar ao presidente Obama este prêmio porque ele, desde janeiro passado [quando chegou à presidência], tem levado a cabo esforços extraordinários para implementar uma diplomacia global e acabar com as armas nucleares”, disse à CNN, o presidente do Comitê Nobel, Thorbjorn Jagland.
Para ele, Obama “nunca se importou com as posições políticas das pessoas mas sim como chegar a elas, como conversar com as posições opostas e levar-lhes uma mensagem de comunicação e diálogo”.
Jagland negou que o fato de Obama estar no comando de duas guerras no Oriente Médio fosse um impedimento para o prêmio.
“Pelo contrario. O que queremos é enfatizar como a paz é necessária neste momento como nunca antes. A paz, é o clima que Obama está a tentar implementar, que ele quer construir”, afirmou o presidente do Nobel.
Alem disto, acrescentou Jagland, “isto foi uma mensagem e recordação do comitê a todas as pessoas e países, sobre qual é o pensamento do presidente sobre como se devem resolver os problemas neste mundo, com a paz”.
Por isso, “a decisão foi unânime, não houve nenhuma dificuldade para chegar a esta conclusão. Todos [os membros do comitê] estiveram de acordo”, disse o presidente do Comitê Nobel norueguês.
A decisão do comitê apanhou de surpresa os norte-americanos, do mesmo modo que os surpreendeu na semana passada que o Rio de Janeiro fosse proclamado sede das Olimpíadas de 2016.
Analistas
“Fantástico. Ainda na consegui me tranquilizar com isto. É uma coisa surpreendente, que ninguém esperava e tenho a certeza que o mais surpreendido vai ser o presidente”, comentou, com uma enorme voz de sono, o analista político da Universidade Internacional da Florida, Daniel Alvarez, quando foi acordado de madrugada pelo Opera Mundi.
Para Alvarez, o prêmio “é um reflexo do fato de que o comitê Nobel reparou que não só ele conseguiu mudar a retórica política dos Estados Unidos como conseguiu estabelecer o tom em que se devem desenvolver as relações num mundo moderno. Um mundo que deve resolver seus problemas dentro da civilidade, através do multilateralismo”.
“Obama estabeleceu que acabaram as ameaças. Que com ameaças não se resolvem problemas. Para isto foi importantíssimo, penso, os gestos que Obama fez em relação ao mundo muçulmano e aos inimigos tradicionais dos Estados Unidos”, afirmou.
Obama, acrescentou Alvarez, deixou claro que o fato de que uma nação ganhe, não significa que outra perca nem que tem necessariamente que perder. “O comitê reconheceu que acabaram os tempos em que se fazia política na base do medo”, afirmou o analista.
Para Alvarez, no terreno meramente interno, “este premio é uma bofetada para aqueles ultraconservadores que dizem que Obama é débil em política externa, para aqueles que acham que os Estados Unidos deve viver numa posição contra o mundo”.
O primeiro Nobel em reagir, foi o presidente da Comissão de Energia Atômica das Nações Unidas, Mohamed ElBaradei.
“Não encontro melhor pessoa que ele para obter este prêmio, pela forma como nos últimos meses não perdeu um momento para enfatizar a necessidade de um diálogo [com o Irã], um gesto que acabou por compenetrar o mundo numa grande conversa, sem importar credo religioso ou pensamento político, mas unicamente a procura da paz”, afirmou ElBaradei.
NULL
NULL
NULL