Em Indianápolis, Indiana, o confeiteiro aposentado Robert Welch Jr. fundou em 9 de dezembro de 1958 a John Birch Society, uma organização de extrema-direita dedicada a combater o que ela considerava ser infiltração do comunismo na sociedade norte-americana. O nome da sociedade é homenagem a John Birch, um missionário batista e especialista em inteligência do exército dos Estados Unidos que foi morto em 1945 pelos comunistas chineses na província de Anhwei.
A John Birch Society, fundada com apenas 11 membros, já no começo dos anos 1960 contava com cerca de 100 mil afiliados, recebendo contribuições privadas de vários milhões de dólares. A sociedade revivia o espírito do macarthismo, alardeando com acusações sem comprovação que havia uma vasta conspiração comunista dentro do governo dos Estados Unidos. Entre outros, a organização implicava o presidente Dwight Eisenhower e o chefe da Suprema Corte, Earl Warren. No entanto, após o desastre das audiências públicas do senador Joseph McCarthy no começo dos anos 1950, o país ficou mais cauteloso quanto ao anticomunismo radical e poucas das acusações sensacionalistas da entidade foram tomadas a sério pela maioria da sociedade norte-americana.
A John Birch Society permanece ativa atualmente e seus membros buscam “denunciar a conspiração internacional semi-secreta cujos expoentes sentam-se nos mais altos postos de influência e poder mundo afora.”
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Logo da organização traz a sigla do nome em inglês
Um livro escrito por Welch nos primórdios, The Politician (O Político), tornou-se controverso assim que ficou conhecido pela acusação ao presidente Eisenhower de ser “um consciente e dedicado agente da conspiração comunista.”
Em seus primeiros dias a John Birch era uma instituição de certo modo respeitada. Porém logo as coisas se moveram numa direção extremamente radical. Por exemplo, acusava o presidente Eisenhower de ser membro do Partido Comunista simplesmente pelo fato de ter iniciado conversações com o governo da União Soviética a fim de evitar uma terceira guerra mundial. Os “Birchers”, como eram conhecidos, escreveram uma quantidade de cartas sobre os mais variados assuntos, como a oposição à reunião de cúpula entre Estados Unidos e União Soviética, a colocação de flúor na água, que “poderia penetrar em nossos preciosos fluidos corporais e corromper nossa pureza.” Eram também promotores de um ‘pânico moral’ contra o movimento de desarmamento nuclear, por “ser parte do movimento comunista dirigido a minar a segurança americana”.
Em 1972 um livreto chamado None Dare Call It Conspiracy (Ninguém se atreve a chamar isto de conspiração) o autor Gary Allen expôs uma teoria conspiratória de que o movimento ambientalista, o movimento pacifista, o da liberação feminina, a maioria da mídia, o comunismo soviético internacional e as Nações Unidas, estavam todos confabulados com os Rockefellers que buscavam controlar o mundo por meio do Conselho de Relações Exteriores.
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“Tire os EUA das Nações Unidas”, aponta cartaz da organização
A expressão favorita dos Birchers para “conspiração” era a ‘Nova Ordem Mundial’. A queda expressiva do número de filiados nos anos 1970 e 1980 sofreu uma guinada após 1990 quando George Bush, pai, num ato de estupidez política usou a expressão num discurso, o que deu à sociedade um sopro de vida.
Após a teoria conspiratória Nova Ordem Mundial ter enveredado em direções estranhas e descabeladas, indo de ‘helicópteros negros a repteis mutantes’, os Birchers adotaram uma posição um pouco mais moderada. Gary Allen em livro publicado em 1972 afirmava que a teoria da Nova Ordem Mundial era uma conspiração liberal-secularista liderada pelos Rockefellers e outras altas figuras do mundo das finanças com o fim de estabelecer um governo socialista global.
Recentemente, alinharam-se ao movimento Tea Party e são co-patrocinadores do CPAC (Conservative Political Action Conference), a maior instituição conservadora dos Estados Unidos, ao lado de entidades como a National Rifle Association e a Young America’s Foundation.
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