Em meio a uma série de manifestações contra o governo de Bashar Al Assad, 203 membros do Partido Baath anunciaram estão deixando a legenda na Síria. Ao todo, 233 pessoas já deixaram o Baath desde que começaram os protestos no país, em fevereiro, de acordo com a agência de notícias France Presse.
O grupo que anunciou a saída do partido – o único do país – é formado por pessoas da região de Houran, onde fica a cidade de Deraa, no sul do país, um dos focos dos protestos. Antes, 30 pessoas já haviam se desligado em Banias, no noroeste, onde também aconteceram várias manifestações. No poder desde 1963, o Partido Baath possui dezenas de milhares de membros.
“Os serviços de segurança demoliram os valores com os quais cresceram. Nós denunciamos e condenamos tudo que ocorreu e anunciamos com pesar nossa renúncia do partido”, afirmou o grupo em comunicado, fazendo referência às denúncias de repressão que teria deixado 453 mortos de acordo com a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos. “As práticas dos serviços de segurança contra nossos cidadãos desarmados são contra todos os valores humanos e os slogans do partido”, completaram.
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Os ex-partidários condenaram também as invasões em casas e o “uso indiscriminado de balas de verdade contra pessoas, casas, mesquitas e igrejas”.
Moção internacional
Nesta quarta-feira (27/04) e quinta-feira (28/04), o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) realizou reuniões para tentar aprovar uma declaração para condenar o regime sírio. A oposição da China e da Rússia, países com poder de veto, impediram que o texto fosse aprovado.
Para o governo sírio, as acusações não têm fundamento. Na quarta-feira, o representante da Síria na ONU Bashar Al Jaafari afirmou que seu país “não vê nenhuma razão para discutir a situação da Síria diante do Conselho de Segurança”. Citado pela agência oficial Sana, Al Jaafari disse que a política interna síria passa por um processo de mudanças atualmente, incluindo o fim da lei de emergência, que vigorou por 48 anos, a eliminação do Alto Tribunal da Segurança do Estado e “novas normas para as manifestações pacíficas”.
Os manifestantes, porém, pedem libertação de presos políticos e uma reforma que permita o multipartidarismo. O governo responsabiliza “grupos extremistas” apoiados por “países inimigos” de disseminar a violência no país.
Protesto massivo
Um grupo de oposicionistas convocou para esta sexta-feira (29/04) uma jornada de protestos em várias cidades do país por meio da rede social Facebook. Na página “A revolução síria 2011″, há referências a localidades como Homs (centro) e Banias (noroeste) onde se realizarão manifestações.
“Aos jovens da revolução, amanhã [sexta-feira] estaremos em todos os lugares, em todas as ruas (…) o nosso compromisso é com todas as cidades cercadas, incluindo os nossos irmãos em Deraa, que estaremos presentes, escreveram os organizadores. “Não deixaremos Deraa sozinha”, acrescentam.
Na sexta-feira passada (22/04), manifestantes convocaram uma grande jornada de protestos em 40 cidades do país, semelhante a esta que está sendo organizada. O governo, de acordo com informação das agências de notícias e da Al Jazeera, reprimiu violentamente as manifestações. No dia seguinte, quando as vítimas foram enterradas, as forças oficiais foram acusadas de atirar nos funerais, onde havia pessoas protestando pelas mortes do dia anterior.
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