No dia 26 de junho de 1945, em São Francisco, representantes de 51 países fundam a Organização das Nações Unidas. A nova instituição substitui a Sociedade das Nações ou Liga das Nações, nascida em 1920 a partir do fim da Primeira Guerra Mundial. Sua sede foi transferida de Genebra para Nova York, em um terreno de sete hectares oferecido pelo bilhonário David Rockefeller na mais importante metrópole do planeta.
A ideia de uma organização supranacional capaz de garantir de uma “paz perpétua” remonta ao iluminismo do século XVIII. Foi apresentada tanto pelo abade de São Pedro quanto pelo filósofo Immanuel Kant. É retomada em 1918 pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson em seus Catorze Pontos e inscrita no Tratado de Versalhes.
A Sociedade das Nações nasce oficialmente com 32 Estados membros em 10 de janeiro de 1920, data em que entra em vigor o Tratado de Versalhes. Porém, o Senado norte-americano, por conta de disputas políticas internas e por temer se envolver de novo numa guerra europeia, não o ratificou e impediu a adesão dos EUA. Isso a enfraqueceu gravemente.
A Sociedade das Nações ajuda ativamente a pôr de pé os novos Estados danubianos. Estimula a reaproximação franco-alemã sob a égide dos ministros Briand e Streseman. O Escritório Internacional do Trabalho, que emana da organização, aporta sua contribuição ao progresso social. Entretanto, nos anos 1930, a organização se mostra incapaz de pôr um basta às sucessivas violações dos tratados de paz e às ações bélicas de conquista. Não consegue impedir a marcha certa em direção à guerra e desaparece a partir de 1938.
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Em 1941, no começo da Segunda Guerra Mundial, o presidente norte-americano e seu aliado britânico, o primeiro-ministro Winston Churchill, contemplam a criação de uma nova organização supranacional. Esse projeto figurava na Carta do Atlântico. Chega a bom termo na Conferência de São Francisco, seis semanas após a capitulação da Alemanha e dois meses antes do Japão.
A nova instituição comporta três pilares e diversas organizações satélites. Em primeiro lugar a Assembleia Geral, onde coabitam alguns gigantes como China e India e uma profusão de anões de menos de um milhão de habitantes com o mesmo direito de voto e igual soberania. Isso impede a ONU de se assemelhar a um governo mundial.
O recinto novaiorquino tem por principal vantagem manter contatos permanentes entre os diplomatas de todos os países. Faz o papel de um congresso sem começo nem fim onde são tratados os problemas do mundo à medida que vão surgindo. O Secretariado Geral é quem se ocupa da administração da ONU. É eleito por cinco anos renováveis pela Assembleia Geral por indicação do Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança, por sua vez, reunia na origem quatro membros permanentes (EUA, União Soviética, Reino Unido e França). Membros não-permanentes são eleitos a cada dois anos pela Assembleia Geral e não podem ser imediatamente reeleitos.
Tais membros eram originalmente seis e, atualmente são dez. É no Conselho de Segurança que se discutem e se tomam decisões relativamente à paz internacional, com a possibilidade de se decidir por sanções diplomáticas ou econômicas ou mesmo autorizar uma ação militar, como foi o caso em 1991 em seguida à invasão do Kuweit pelo Iraque. A ação do Conselho é frequentemente travada pelo direito de veto dos membros permanentes.
Contando inicialmente com 51 Estados-membros, essencialmente países ocidentais e europeus, a ONU comporta hoje 192. Dela não faz parte, por exemplo, o Vaticano e o Principado de Liechtenstein. Emprega cerca de 10 mil funcionários e administra um orçamento anual de cerca de quatro bilhões de dólares, insuficiente para a quantidade crescente de missões.
Ao contrário da Sociedade das Nações, a ONU dispõe de força militar de manutenção da paz ou de interposição, os “capacetes azuis”. Contudo, não é suficiente para prevenir todos os dramas do planeta. “A ONU não criou o paraíso, mas tem evitado o inferno” disse seu segundo secretário geral, Dag Hammarskjöld. Seguramente, se a principal potência e outras respeitassem e cumprissem as decisões do organismo, o inferno seria menos tenebroso.
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