A 16.ª Cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados terminou nesta sexta-feira (31/08) em Teerã, capital persa, após dois dias de debates centrados na questão nuclear. Os representantes dos 120 países-membros adotaram uma declaração final afirmando o direito de todos os países à energia nuclear pacífica, a necessidade de um desarmamento nuclear e à criação de um Estado palestino. Também rejeitaram que um país ameace e implemente sanções unilaterais a outro. Trinta chefes de Estado e de Governo participaram da reunião.
“A ocupação da Palestina e os crimes cometidos pelo regime sionista nos territórios ocupados tem sido sempre a raiz das tensões no Oriente Médio”, afirmaram os assinantes da Declaração de Teerã. Segundo o documento, toda solução para colocar fim à crise deve incluir modos para acabar com a ocupação e restituir os direitos inalienáveis da nação palestina – entre eles, a porção oriental de Jerusalém como sua capital.
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Além disso, a declaração afirma que as armas atômicas são as mais inumanas de todas as armas, e que o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear) “não pode servir de desculpa para que as grandes potências mantenham arsenais nucleares”.
Para o chanceler iraniano Ali Akbar Salehi, os países “devem passar das palavras às ações” para que o tratado seja efetivado na prática.
Ban x Kamenei
O secretário-geral da ONU, o sul Coreano Ban Ki-moon, também esteve presente ao evento e se indispôs com o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Kamenei. O líder religioso havia acusado o Conselho de Segurança da entidade de estabelecer uma ditadura que condenou e sancionou reiteradamente o Irã, em razão do programa nuclear do país – acusado pelos EUA e seus aliados de terem fins militares, o que Teerã nega. Em resposta, Ban pediu que o país persa prove que seu programa nuclear é pacífico.
Esse pedido foi feito depois de um relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que considera que Teerã aumentou a sua capacidade de enriquecimento de urânio – sem no entanto apresentar provas sobre os objetivos militares.
É “lamentável que o Irã não tenha chegado a um acordo com a AIEA em um plano para resolver todos os assuntos em questão”, afirmou Ban em um comunicado divulgado nesta sexta-feira por seu porta-voz, Martin Nesirky. Uma “solução diplomática e negociada (…) deve incluir medidas do Irã para gerar a confiança internacional sobre a natureza exclusivamente pacífica de seu programa nuclear”, acrescentou.