Os líderes de Turquia e Egito fizeram críticas nesta quarta-feira (05/09) ao governo de Bashar al-Assad, chegando a pedir a saída do presidente sírio do poder. O presidente do Egito, Mohamed Mursi, disse que chegou a hora de uma “mudança” de governo na Síria, enquanto o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, afirmou que Assad criou um “Estado terrorista”.
“Os massacres na Síria, que ganharam força com a indiferença da comunidade internacional, continuam aumentando”, disse durante uma reunião de seu partido, o AKP. “O regime na Síria tornou-se um Estado terrorista”. A Turquia abriga em seu território as lideranças e também fornece armamento à oposição síria.
No Cairo, Mursi disse que na Síria chegou a hora de “mudança e não podemos perder tempo falando de reforma. Esse momento já passou. Agora é hora de mudança”. Ele também anunciou que um quarteto de Estados regionais proposto pelo governo egípcio vai reunir-se para discutir a guerra civil na Síria. O presidente não deu detalhes, mas, segundo o governo egípcio, o quarteto deve contar com a participação da Turquia, Arábia Saudita, Irã e Egito.
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Esta é mais uma declaração de Mursi contra o regime sírio. Na última quinta (30/08), o presidente chamou Assad de “opressor” durante a Cúpula de Países Não Alinhados, em Teerã. As palavras provocaram a saída da delegação síria da sala de reuniões. Em seu discurso, Mursi disse que o governo de Assad perdeu a legitimidade com suas ações violentas e pediu à oposição que se una para buscar uma saída pacífica ao conflito. Ele pediu que seja impedida a generalização da guerra no país.
“Barba”
Na segunda (03/08), o ministro do Interior da Síría, Omrane al Zohbi, criticou Mursi, dizendo que a barba é a única diferença entre o novo mandatário e o ditador Hosni Mubarak, que caiu em 2011. “Mesmo com Mubarak, nós consideramos o Egito, terra de civilização e história, um exemplo de nacionalismo que tem um papel importante. Mas é lamentável que após a saída de Mubarak, um outro tome o lugar tendo a barba como a única diferença”, declarou Zohbi.
O ministro ironizou uma frase de Mursi, que havia dito que o Egito tinha responsabilidade na crise síria. “A primeira vez que ouvi Mohamed Mursi dizer a verdade, foi quando declarou se sentir responsável pelo derramamento de sangue sírio, como o Qatar, a Turquia e a Arábia Saudita, que também são responsáveis”.
Ele também reiterou a posição do regime, segundo a qual o conflito no país não foi provocado pela repressão de uma contestação popular pacífica, mas sim por um “complô internacional”. “Não entendo como podemos falar de uma revolução, quando há assassinatos e sequestros. O que acontece é uma agressão por procuração”.