Volkswagen diz que esclarecerá eventuais suspeitas sobre violação de direitos humanos durante ditadura
Empresa alemã também disse não ter controle de instalação de jatos d´água sobre seus caminhões para reprimir protestos
A Volkswagen afirmou nesta terça-feira (13/05) que irá esclarecer sua relação com a ditadura brasileira caso a Comissão Nacional da Verdade revele provas de que houve violação dos direitos humanos por parte da empresa no período em que os militares comandavam o Brasil.
Em reunião anual de balanço na Alemanha, a companhia foi questionada sobre suas ligações com a cúpula da ditadura no Brasil, como revelou Opera Mundi, e declarou: "caso a Comissão Nacional da Verdade do Brasil revele provas de violações de direitos humanos na qual a Volkswagen do Brasil e/ou seus funcionários tomaram parte, então trataremos de esclarecer".
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Durante Passeata dos Cem Mil organizada contra a ditadura, em junho de 1968, manifestantes tombam Kombi no centro do Rio
Na resposta, a empresa ainda disse que já realizou trabalho semelhante ao investigar sua relação com a Alemanha nazista e que orienta todas as suas filiais pelo mundo a ter como meta a investigação de seu passado.
Leia aqui a reportagem exclusiva de Opera Mundi sobre a denúncia
Ao ser consultada por Opera Mundi na última quinta-feira (08/05), a empresa alemã respondeu apenas que estava “aberta a contribuir com o trabalho da Comissão da Verdade e permanece à disposição para colaborar com as informações que forem necessárias”.
A Associação dos Acionistas Críticos denunciou hoje em Hannover que a Volkswagen fez contribuições ao Ipês (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e ao GPMI da Fiesp (Grupo Permanente de Mobilização Industrial), duas instituições ligadas intimamente com o golpe contra o presidente João Goulart.
Segundo o grupo de acionistas, esse dinheiro teria sido usado para a construção de um complexo militar-industrial no Brasil, sob a orientação da ESG (Escola Superior de Guerra).
Em relação à venda de caminhões de jatos d'água para a repressão de protestos no Rio de Janeiro, a Volkswagen disse não poder se responsabilizar quando outras empresas instalam esse tipo de ferramenta sobre os seus carros.