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Política e Economia

Relatório da CNV: sócios alemães pedem que Siemens explique envolvimento com ditadura brasileira

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Em reunião anual de prestação de contas, grupo de acionistas pediu que a multinacional explicasse informação da CNV de que Siemens financiou Oban

Felipe Amorim

2015-01-30T08:00:00.000Z

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* Atualizada às 19h10

Durante a reunião anual de prestação de contas da multinacional alemã Siemens, em Munique, um grupo de acionistas minoritários questionou a empresa por seu envolvimento com a ditadura militar brasileira (1964-1985). Ao exigir esclarecimentos, a Associação de Acionistas Críticos fez uso do relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), que cita a Siemens como uma das financiadoras da Oban (Operação Bandeirante), órgão da repressão que mais tarde daria origem ao DOI-Codi — o principal centro de tortura e morte do regime militar.

“O Conselho de Supervisão da Siemens se negou a investigar e esclarecer estes incidentes, nem mesmo tendo em vista o contexto do aniversário de 50 anos do golpe militar no Brasil. A Siemens deve encarar sua responsabilidade histórica e admitir os atos que cometeu”, assinala o documento entregue pela associação e lido diante dos demais acionistas e diretores da multinacional na reunião da última terça-feira (27/01).

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Divulgação/Associação dos Acionistas Críticos

Christian Russau [no telão], membro da associação, questiona diretores da Siemens em reunião anual de prestação de contas

O questionamento da associação se baseou no trabalho de investigação da CNV, cujo relatório final foi publicado no dia 10 de dezembro de 2014. Na página 320 do volume II do documento, a comissão escreve:

Ao lado dos banqueiros, diversas multinacionais financiaram a formação da Oban, como os grupos Ultra, Ford, General Motors, Camargo Corrêa, Objetivo e Folha. Também colaboraram multinacionais como a Nestlé, General Eletric, Mercedes Benz, Siemens e Light.

Ao expor o caso na reunião, Christian Russau, membro da diretoria da Associação dos Acionistas Críticos, acrescentou que relatos dão conta de que, no total, 66 pessoas foram assassinadas nas dependências do complexo Oban/DOI-Codi, entre as quais 39 morreram sob tortura — número também confirmado pelo jornalista Marcelo Godoy, autor do livro A casa da vovó, biografia sobre o centro de repressão paulista.

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“Isto aconteceu há 40 anos. O que nos interessa é a Siemens hoje”, respondeu Gerhard Cromme, chefe do Conselho de Administração da multinacional.

“Você denigre a memória dos homens que morreram sob tortura. Isto é cínico”, replicou Russau, insistindo na importância de esclarecer as violações, ainda que ocorridas décadas atrás.

O acionista também inquiriu Joe Kaeser, CEO da Siemens, perguntando se a empresa tem conhecimento sobre o conluio com os órgãos de repressão da ditadura brasileira, ou se há planos para investigar as denúncias. Kaeser disse que a Siemens, ao ter notícia do envolvimento, pesquisou nos arquivos financeiros e não encontrou nada.

Procurada por Opera Mundi, a Siemens Brasil afirmou que não iria se posicionar sobre o episódio.

Volkswagen também foi questionada

A Associação de Acionistas Críticos é um grupo sem fins lucrativos que possui ações em mais de 25 das maiores empresas da Alemanha e, por isso, tem o direito de se posicionar nas reuniões anuais de apresentação de balanço. A companhia questionada é obrigada a responder algo no mesmo evento.


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A montadora Volkswagen foi outra empresa alemã questionada pela Associação dos Acionistas Críticos. Em maio, na cidade de Hannover, a diretoria da Volks também foi inquirida sobre a participação no regime militar — a empresa já se comprometeu a investigar o passado e esclarecer sua relação com as violações aos direitos humanos na ditadura brasileira. O relatório final da CNV também apontou, entre outros episódios, que o aparelho de segurança interna da multinacional alemã foi montado por Franz Paul Stangl, criminoso de guerra nazista.

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Política e Economia

Guaidó é acusado de pedir desbloqueio de US$ 53 milhões aos EUA para governo paralelo

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Valor seria 'orçamento anual' do gabinete do líder opositor, denuncia Jorge Rodríguez, presidente do Poder Legislativo

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

Caracas (Venezuela)
2021-04-13T22:50:00.000Z

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O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, denunciou nesta terça-feira (13/04) que o ex-deputado Juan Guaidó pode desbloquear US$ 53, 2 milhões (cerca de R$265 milhões) nos Estados Unidos para manter a estrutura do governo paralelo. 

Segundo Rodríguez, Guaidó e seus aliados enviaram um orçamento anual ao Escritório de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC - sigla em inglês), unidade do Departamento do Tesouro, que libera os dólares diretamente das contas venezuelanas em bancos nos EUA.

O montante seria dividido entre o gabinete da presidência de Guaidó, os seus escritórios de Assuntos Exteriores, deputados da antiga Assembleia Nacional, que seriam parte do seu “Conselho Administrativo”, e o canal TV Capitólio, responsável por cobrir atividades da oposição.

Somente para gastos pessoais do ex-deputado Juan Guaidó teriam sido indicados US$ 2 milhões. Os repasses atingem membros dos quatro maiores partidos da oposição, chamado G4: Vontade Popular, Primeiro Justiça, Ação Democrática e Um Novo Tempo.

Com base em gravações telefônicas do ex-deputado Sergio Vergara, assessor de Guaidó, a AN pode ter acesso aos detalhes do esquema de desvio de dinheiro público venezuelano.

Vergara foi um dos assessores de Guaidó que assinou o contrato com a empresa militar Silverscorp para colocar em prática a Operação Gedeón – tentativa de invasão paramilitar de maio de 2020.

Desde 2019, a Casa Branca reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, deixando sob sua responsabilidade o gerenciamento dos ativos públicos venezuelanos nos Estados Unidos, incluindo a maior empresa pública da Venezuela no exterior: Citgo Petroleum, filial da Pdvsa. 

A Citgo é avaliada em US$ 7 bilhões e tem uma capacidade de refino de 759 mil barris de petróleo anualmente.  Entre 2015 e 2017, teve um lucro de cerca de US$ 2,5 bilhões (R$ 10 bilhões). No esquema revelado por Jorge Rodríguez, a diretoria da Citgo teria acesso a US$ 1,15 milhão do orçamento.

Presidente da AN apresentou detalhes do esquema de desvio do dinheiro público venezuelano por parte da oposição aliada a Guaidó

O valor depositado nas contas dos opositores deveria servir para pagar gastos com transporte, alimentação, segurança e seus salários, como assessores políticos nomeados pelo autoproclamado Guaidó. 

"Esse dinheiro tem servido para comprar suas mansões em Miami. Roubar é a única atividade na qual Guaidó teve êxito", declarou o presidente do Legislativo.  

Neste ano, a OFAC solicitou ao setor guaidosista recortar o "orçamento" e este seria o motivo da reunião liderada por Vergara, que detalhou o passo a passo do repasse do dinheiro no exterior à oposição.   

Em resposta ao pedido do Departamento do Tesouro, Guaidó teria encerrado o programa "Heróis da Saúde", criado em 2020, para oferecer um bônus de US$ 100 como recompensa aos profissionais que trabalham no combate à pandemia na Venezuela. 

"Eles se roubam entre eles mesmos", acusa Rodríguez e aponta que, neste momento, há uma disputa dentro da oposição venezuelana entre Juan Guaidó e Leopoldo López, do partido Vontade Popular, contra Júlio Borges (Primeiro Justiça) e Henry Ramos Allup (Ação Democrática), para liderar o bloco opositor de extrema-direita e ter prioridade no acesso aos recursos financeiros. 

A Venezuela denuncia que possui US$ 7 bilhões bloqueados em entidades bancárias nos Estados Unidos e na União Europeia.

O governo venezuelano denuncia que Guaidó não cumpre com acordos assinados no ano passado para o desbloqueio de parte do dinheiro público que seria destinado para um fundo de combate à pandemia, gerenciado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Na última semana, Guaidó conseguiu sacar cerca de US$ 30 milhões (aproximadamente R$ 150 milhões) dos fundos depositados em Londres para cobrir gastos pessoais, mas se negou a liberar as reservas de ouro venezuelano retidas no Banco da Inglaterra.

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