O assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, acabou de confirmar ao Opera Mundi a assinatura de um acordo entre o Brasil, o Irã e a Turquia, às 2h13 da madrugada, horário de Brasília.
“O acordo foi fechado. Houve algumas resistências de ultimo minuto, mas o acordo acabou de ser decidido.” Segundo afirmou por telefone, o urânio do Irã será enviado à Turquia. O país receberá, então, urânio enriquecido suficiente para produzir energia e realizar pesquisas. “Neste momento exato, os três chefes de governo estão assinando o acordo”, precisou.
Poucos minutos depois, o vice-chanceler iraniano Ahmad Sobhani também confirmou ao Opera Mundi a assinatura do acordo que prevê o enriquecimento do urânio fora do Irã. “O resultado é muito positivo, o nosso governo está satisfeito e esperançoso”, declarou. “Esse compromisso foi fruto do trabalho intenso dos três países e estamos confiantes no apoio da comunidade internacional”.
Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, tinha declarado que “o acordo foi alcançado após quase 18 horas de negociações”. Ele afirmou que o anúncio oficial podia ser feito na segunda-feira pela manhã, após revisão pelos presidentes brasileiro e iraniano e o primeiro-ministro turco.
Os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, falaram neste domingo em entrevista coletiva sobre o interesse de incrementar as relações comerciais entre seus países. Eles não tocaram na questão nuclear. Isso não significa, porém, que o tema foi ausente das negociações. De acordo com a agência espanhola de notícias Efe, membros da delegação brasileira teriam dito que a questão foi abordada pelos dois presidentes e depois discutida ao longo do dia “com boas sensações”.
Durante o dia, o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, voou para Teerã para juntar-se ao presidente brasileiro, que estava negociando com autoridades iranianas, em um movimento que autoridades ocidentais e russas classificaram como provavelmente a última chance de evitar novas sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã.
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Cláusula
A viagem, feita mais cedo que o previsto, foi justificada pelo primeiro-ministro. “Estou indo ao Irã porque uma cláusula será acrescentada ao acordo, que diz que a troca será feita na Turquia”, disse o premiê. “Teremos a oportunidade de começar o processo em relação à troca”, disse Erdogan. “Eu garanto que encontraremos a oportunidade para superar esses problemas, se Deus quiser.”
Segundo o site da TV iraniana Alallam, os chanceleres de Irã, Turquia e Brasil mantiveram um encontro trilateral neste domingo para discutir, entre outros assuntos, a troca de urânio iraniano.
Nos últimos meses tanto Lula como o chefe do governo turco foram os principais apoios do Irã na discussão sobre seu programa nuclear, batendo de frente com países como os Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que tentam punir o Irã com sanções acusando-o de ter objetivos bélicos com o enriquecimento de urânio. Brasil e a Turquia são atualmente membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Urânio enriquecido
A proposta de Brasil e Turquia era pressionar os líderes iranianos a rever uma proposta sob a qual o Irã enviaria urânio baixamente enriquecido a outro país e, em retorno, receberia urânio altamente enriquecido – um plano que fracassou em outubro do ano passado.
As grandes potências propuseram ao Irã que enviasse 70% de seu urânio levemente enriquecido para transformá-lo em combustível altamente enriquecido que o país precisa para seu reator de pesquisas científicas. Invocando um problema de “confiança”, o Irã rejeitou a proposta e disse que prefere uma troca simultânea ou por etapas em pequenas quantidades, feita em seu território, o que foi rejeitado pelas grandes potências.
Frente a essa negativa, o Irã lançou em fevereiro a produção de urânio enriquecido a 20%, o que acelerou a mobilização dos EUA para adotar novas sanções por parte do Conselho de Segurança.
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