O governo da Ucrânia acusou a Rússia nesta quinta-feira (29/11) de bloquear o acesso aos portos de Berdiansk e Mariupol, no mar de Azov, região da Crimeia palco da mais recente tensão entre os dois países.
Segundo o ministro ucraniano de Infraestrutura, Volodymyr Omelyan, ao menos 35 navios foram impedidos de entrar ou sair dos portos. “O objetivo é simples: bloqueando o acesso aos portos ucranianos no mar de Azov, a Rússia espera nos expulsar de nosso território”, declarou.
O Kremlin, no entanto, disse “não estar ciente” de qualquer limitação de acesso aos portos ucranianos na região. “Pelo contrário, o estreito de Kerch opera em regime normal, mas às vezes, por motivos meteorológicos, o porto de Kerch, que desenvolve função administrativa, toma decisões para regular a navegação”, afirmou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
O mar de Azov só é acessível pelo Estreito de Kerch, que passou a ser controlado pela Rússia após a anexação da península da Crimeia, em 2014. No último domingo (25/11), as autoridades russas apreenderam três navios e prenderam 24 militares ucranianos, acusados de invadirem suas águas territoriais.
O caso abriu uma nova crise entre os dois países e o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, decretou lei marcial – quando a autoridade militar substitui a civil – por 30 dias. A Rússia, por sua vez, deslocará uma nova bateria antiaérea para a Crimeia e vai construir um sistema de interceptação de mísseis na região.
Em entrevista ao jornal alemão Bild, Poroshenko disse não poder aceitar “essa política agressiva” de Moscou. “Primeiro era a Crimeia, depois a Ucrânia Oriental, agora quer o mar de Azov. A Alemanha deve se perguntar: o que Putin fará se não o pararmos?”, questionou.
O presidente ucraniano também afirmou esperar que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) esteja “pronta para colocar navios militares no mar de Azov”. A Ucrânia não é membro da OTAN e suas aproximações com a aliança militar sempre foram rechaçadas por Moscou.
(*) Com Ansa
Presidência da Ucrânia
Poroshenko (centro) disse esperar que OTAN esteja "pronta para colocar navios militares no mar de Azov"