Dirigentes de organizações sociais do Equador exigiram na última quarta-feira (30/11) que o governo do presidente Guillermo Lasso implemente os 218 acordos alcançados nas mesas de diálogo concluídas no mês de outubro.
“O governo nos dá a entender que não quer cumprir os acordos, e que o movimento Indígena e organizações sociais foram enganadas. Pedimos ao governo honestidade e transparência”, afirmou o líder do Conselho de Povos e Organizações Indígenas Evangélicas do Equador (Feine), Enrique Guashca.
Por sua vez, o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, pediu a Lasso e ao ministro de Governo equatoriano, Francisco Jiménez, que cumpram os acordos alcançados após o fim das mobilizações nacionais.
Mencionando uma das mesas de negociação instaladas, Iza criticou que o Executivo afirma que o cancelamento das dívidas dos bancos públicos, agora, é “inviável”. O líder indígena lembrou que o próprio Jiménez assinou o acordo que prevê o perdão de dívidas de até US$10 mil.
Assim, também questionou o fato do governo “não querer dar alívio financeiro a milhares de famílias camponesas, e sim conceder mais de dois milhões de dólares a grandes grupos econômicos, concedendo-lhes isenções fiscais”.
?#ATENCION
Incumplimiento en la implementación de los acuerdos del diálogo.
El Gobierno NO quiere dar alivio financiero a miles de familias pero sí condonar más de 2 mil millones USD a los grandes grupos económicos y darles exoneraciones tributarias por más de 4500 millones. pic.twitter.com/8hB1yZdR00— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) November 30, 2022
Twitter/Conaie
Após 18 dias de greve nacional no Equador, mesas de negociações foram instaladas
Apesar do descumprimento das negociações por parte do governo Lasso, as lideranças sociais descartaram possíveis mobilizações para ampliar essas reivindicações. Nesse sentido, a Conaie anunciou que fará uma reavaliação da situação em fevereiro de 2023.
As organizações também instaram a Conferência Episcopal Equatoriana, mediadora no processo de diálogo entre as organizações e o governo, para que o quadro de acompanhamento dos acordos “não seja abandonado”.
Já o vice-presidente da Confederação Nacional das Organizações Indígenas e Negras (Fenocin), Hatari Sarango, denunciou que os acordos “em temas tão relevantes como educação, saúde, segurança e perdão de dívidas com bancos públicos ficaram apenas no papel”.
Hatari Sarango, vicepresidente de la Fenocin: “Exigimos al Gobierno Nacional que cumpla los acuerdos que están solo en papeles y no se están ejecutando”. #Conaie pic.twitter.com/1vRIlsYEwm
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) November 30, 2022
Após 18 dias de greve nacional no Equador, cessada no dia 30 de junho, as mesas de negociações foram instaladas no início do mês de julho como um dos principais acordos alcançados pela suspensão das mobilizações em todo o país com o objetivo de debater as reivindicações pontuadas pelos manifestantes.
Durante os protestos, movimentos sociais exigiam redução dos preços dos combustíveis, fim da mineração em territórios indígenas, retomada da política de subsídios para a população, geração de emprego, maior investimento em setores como saúde e educação, além da não-privatização de setores da economia.
(*) Com TeleSUR