Um dia após o vazamento pelo Wikileaks de milhares de documentos trocados entre representações diplomáticas norte-americanas, o governo dos Estados Unidos criticou duramente as revelações, as classificando como “irresponsáveis” e perigosas para as vidas de militares e diplomatas ao redor do mundo.
Um congressista republicano pediu que o Wikileaks seja classificado como organização terrorista, de acordo com a BBC Brasil. Peter King, membro do Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, afirmou que o vazamento “revela a intenção de [Julian] Assange de prejudicar não apenas nossos interesses nacionais na luta contra o terrorismo, mas também mina a própria segurança das forças de coalizão em Iraque e Afeganistão”.
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse que as autoridades norte-americanas têm medo de assumir responsabilidades. Pouco antes de revelar os documentos por meio dos jornais The New York Times (EUA), The Guardian (Reino Unido), El País (Espanha), Der Spiegel (Alemanha) e Le Monde (França), o site esteve sob ataque, conforme informou o perfil do Wikileaks no Twitter. “Neste momento estamos sob um ataque em massa que bloqueou a distribuição de nosso sinal”, informou o WikiLeaks.
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Revelações
A divulgação dos documentos, chamados de “cabos”, revelou o tratamento dado por Washington a diversos líderes mundiais. O líder da Líbia, Muamar Kadafi, é descrito como um “verdadeiro hipocondríaco que filma todos os exames médicos que realiza”, além de andar sempre acompanhado de uma “vistosa” enfermeira loira ucraniana.
Já o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, é apontado como uma homem “machista e autoritário”. No final de 2008, a embaixada dos EUA em Moscou passou informações sobre a relação entre o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e Putin, dizendo que “Medvedev é Robin e Putin, Batman”. Além disso, diplomatas ressaltam o gosto do premiê pelo poder, pelo qual tenta manter sua supremacia.
A diplomacia norte-americana não demonstra grande apreço pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, alguém que, segundo os documentos, é seguido “com atenção com receio de qualquer movimento para desautorizar a política exterior dos EUA”.
Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano, é retratado nos relatórios como displicente, vaidoso e ineficiente como líder europeu moderno. As “festas selvagens” do líder italiano são apontadas como algo que desperta uma profunda desconfiança em Washington.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, é comparado ao líder nazista Adolf Hitler e a chanceler alemã, Angela Merkel, como uma pessoa que “evita os riscos e raramente é realista”.
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ONU
Também alvo de espionagem, a ONU (Organização das Nações Unidas) preferiu não condenar a atitude da representação norte-americana no órgão. “A ONU não se encontra em posição de comentar sobre a autenticidade do documento que solicita informações sobre seus funcionários e suas atividades”, disse uma fonte da organização, segundo a agência France Press.
Um documento secreto enviado a diplomatas em nome da secretária de Estado Hillary Clinton em julho de 2009 ordena a obtenção dos detalhes técnicos dos sistemas de comunicação dos principais funcionários da ONU, informa o jornal britânico The Guardian.
O New York Times informa que uma nota assinada por Hillary ordena aos funcionários do governo norte-americano na ONU que obtenham “informações biográficas e biométricas dos principais diplomatas da Coreia do Norte”.
O Guardian acrescenta que a ordem também determinava a obtenção de dados do secretário-geral Ban Ki-moon, em especial sobre seu “estilo de gerenciamento e tomada de decisões, assim como sua influência sobre o secretariado”.
Washington também solicita os números dos cartões de crédito, endereços de e-mail, números de teléfones, fax e até mesmo os números da contas de passagens aéreas de funcionários da ONU.
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