O Senegal viveu mais uma jornada de protestos nesta segunda-feira (31/07), após a decisão do governo desse país de dissolver o partido opositor Patriotas do Senegal (conhecido pela sigla Pastef), sob a acusação de promover “atos de insurreição no país”.
Segundo a imprensa local, houve manifestações em ao menos quatro cidades. Os atos mais numerosos, e também os que tiveram maior repressão por parte das forças de segurança, foram realizados na capital Dacar e na cidade de Ziguinchor, no Sul do país, onde se regisrtrou a morte de duas pessoas.
Nas ruas, os manifestantes não reclamam apenas pela dissolução do Pastef – partido considerado como nacionalista de esquerda – mas também pela prisão do líder do partido, o ex-promotor público Ousmane Sonko, ocorrida na sexta-feira (28/07), que também é acusado por supostos delitos relacionados às manifestações contra o governo.
Outra decisão tomada pelo governo do Senegal foi a de impor restrições aos meios de comunicação digitais, sob a alegação de que os grupos opositores estariam difundido fake news contra o governo para promover novos protestos.
A decisão acontece pouco mais de seis meses antes das eleições presidenciais do país, marcadas para fevereiro de 2024.
Segundo as pesquisas, o Pastef aparece como principal favorito para vencer, com ampla vantagem sobre o partido de centro-direita liberal Aliança Pela República, do presidente Macky Sall, que ainda não escolheu seu candidato.
Caso possa se candidatar, esta seria a segunda tentativa de Sonko de chegar ao poder: ele foi terceiro colocado no pleito de 2019, vencido por Sall.
Vatican News English Africa Service
Senegaleses foram às ruas protestar contra dissolu´ção do partido Pastef e a prisão do seu líder, Ousmane Sonko
Total de mortes
O Senegal vive uma onda de protestos que teve início em maio e que tem sido marcada pela extrema violência das polícias contra os manifestantes, causando dezenas de mortes e centenas de casos de pessoas feridas.
As cifras exatas de mortes variam dependendo da fonte. A ONG Anistia Internacional informa que houve 23 mortes por ação das forças de segurança entre os meses de junho e julho. O governo senegalês assegura foram apenas 16. Já o partido Pastef afirma que foram 31 casos.
Todos esses números foram apresentados antes da jornada desta segunda-feira (31/07) e, portanto, não incluem as duas vítimas desta última jornada de protestos.
Razão dos protestos
A onda de protestos no Senegal teve como estopim a insatisfação da população com a política econômica do presidente Sall.
Embora Sonko e seu partido não tenham sido os responsáveis diretos pela organização dos atos, grande parte dos manifestantes o vê como líder devido a sua defesa de um projeto de reforma tributária para o país, que conta com amplo apoio da cidadania.
A crise política se acentuou em junho, quando a Justiça senegalesa anunciou uma sentença contra Sonko. O líder opositor era acusado por um suposto caso de estupro, que teria ocorrido em fevereiro de 2021. Seus apoiadores afirmavam, porém, que a denúncia se tratava de uma armação para incriminá-lo.
A Corte Suprema do Senegal absolveu o político da acusação de estupro, mas o condenou por “corrupção de menores e comportamento imoral”, o que causou revolta entre seus seguidores.
Com informações de Africa News e TeleSur.