A facção criminosa “Los Lobos” disse ser a responsável pelo assassinato do candidato a presidente do Equador Fernando Villavicencio, de 59 anos, morto a tiros após deixar um comício na capital Quito na última quarta-feira (09/08).
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o grupo também ameaça outro presidenciável, o Jan Topic. A gravação exibe diversos homens encapuzados e armados, enquanto um deles lê um comunicado no qual adverte que tomará medidas contra “políticos corruptos” que não mantiverem suas promessas.
“Los Lobos” fazem parte de uma facção criminosa que é considerada a segunda maior do Equador e ligada ao cartel de Jalisco, no México. A gangue é uma dissidência de outro grupo: Los Cocheros, que são aliados aos cartel de Sinaloa no Equador.
“Nós, Los Lobos, assumimos a responsabilidade pelos fatos de hoje, e isso voltará a se repetir quando os corruptos não cumprirem sua palavra. Você também, Jan Topic, cumpra sua palavra. Se não cumprir suas promessas, Jan Topic, você será o próximo”, afirma o grupo.
As autoridades equatorianas, no entanto, ainda não confirmaram a autenticidade da reivindicação, embora o presidente Guillermo Lasso já tenha atribuído o assassinato de Villavicencio ao “crime organizado”.
De acordo com a rede britânica BBC, esse grupo tem cerca de oito mil membros e esteve envolvido em uma série de rebeliões nas prisões do país, quando dezenas de encarcerados foram brutalmente mortos. Os cartéis, ainda segundo a BBC, utilizam a estrutura e os portos do Equador para contrabandear cocaína aos Estados Unidos e Europa. Qualquer um que tente barrar esse fluxo é ameaçado.
Fernando Sandoval / Asamblea Nacional
Fernando Villavicencio, de 59 anos, foi morto a tiros após deixar um comício na capital Quito
Villavicencio havia condenado o narcotráfico, afirmando que, caso vencesse as eleições e fosse presidente, iria reprimir tais grupos. Ele próprio denunciou recentemente que havia recebido ameaças de morte por parte do narcotraficante José Adolfo Macías Villamar, conhecido como “Fito”.
No primeiro momento, a morte de Villavicencio recaiu sobre Los Choneros, já que eles haviam ameaçado recentemente o então candidato do Movimento Construye. Mas, agora, Los Lobos assumiram a responsabilidade.
Estado de exceção e eleição mantida
O governo equatoriano declarou nesta quinta-feira (10/08) estado de exceção no país, com a mobilização das Forças Armadas para garantir a segurança em todo o território nacional, mas manteve a data das eleições para 20 de agosto.
Enquanto isso, a Procuradoria-Geral anunciou a prisão de seis suspeitos de envolvimento no assassinato e a morte de outro em uma troca de tiros com a polícia.
Villavicencio, de 59 anos, foi assassinado a tiros após um comício na capital Quito a apenas 11 dias das eleições. Um vídeo mostra ele saindo de uma escola e levando três disparos logo após entrar em um carro, mesmo estando sob escolta policial. O atentado também deixou outras nove pessoas feridas, incluindo dois policiais e uma candidata ao Parlamento.
Lasso, que não é candidato à reeleição, disse ter ficado “indignado” e “chocado” com o assassinato de Villavicencio. “Minha solidariedade e condolência à sua mulher e às suas filhas. Por respeito à sua memória e às suas batalhas, garanto que esse crime não ficará impune”, acrescentou.
O presidente atribuiu o homicídio ao “crime organizado”. “Mas todo o peso da lei cairá sobre eles”, prometeu. As eleições presidenciais acontecerão em meio a uma grave crise de segurança provocada pelo fortalecimento dos cartéis de drogas no país.
(*) Com Ansa.