O pleno do Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE) derrubou neste domingo (03/09) a resolução do Cadastro de Cidadãos que suspendia temporariamente o registro eleitoral do partido Movimento Semente, que elegeu o presidente Bernardo Arévalo.
A decisão ocorre uma semana depois de uma resolução do Cadastro de Cidadãos anunciada no dia 28 de agosto, e que foi surpreendente não só por acontecer após os dois turnos das eleições gerais do país já terem sido disputados como também pelo fato de o Cadastro ser um organismo subalterno ao TSE.
Parte da imprensa guatemalteca considerou a resolução como uma tentativa de criar uma divisão interna dentro da máxima autoridade eleitoral do país.
Entretanto, o texto da decisão do TSE dá sinais de outro tipo de confrontação: entre os diferentes poderes do Estado. O documento afirma que “é dever dos três poderes do Estado atuarem com responsabilidade, para garantir o respeito à vontade popular expressa nas urnas, a integridade, a pureza e a eficácia do processo eleitoral”.
Arévalo acusa tentativa de golpe
Já os líderes do Movimento Semente consideraram que a resolução foi uma tentativa de golpe, e afirmam que também estão sendo preparados ataques no Poder Legislativo visando invalidar o resultado das eleições e a vitória de Arévalo.
O próprio presidente eleito, Bernardo Arévalo, acusou a Mesa Diretora do Congresso da Guatemala – dominada pelo partido conservador Vamos, do atual presidente Alejandro Giammattei – de liderar as manobras para questionar as decisões do TSE no que diz respeito ao registro eleitoral do Movimento Semente.
TSE Guatemala
Decisão do TSE derruba resolução que havia sido anunciada pelo Cadastro de Cidadãos, órgão subalterno ao próprio TSE
Segundo Arévalo, “o aparto de Justiça está sendo usado para violar a própria justiça (…) está sendo levado a cabo, passo a passo, mediante ações espúrias, ilegítimas e ilegais em distintas instâncias, cujo objetivo é impedir a posse das autoridades eleitas, incluindo o presidente, a vice-presidente e nossos deputados e deputadas ao Congresso”.
O Movimento Semente chegou a realizar uma manifestação no Centro da Cidade da Guatemala neste sábado (02/09), que contou com a presença de cerca de 13 mil pessoas, segundo a imprensa local, protestando contra o que consideram uma tentativa de golpe.
Por sua parte, a Mesa Diretora do Congresso anunciou nesta segunda-feira (04/09) que enviou a decisão do TSE ao seu Departamento de Assuntos Jurídicos e que se pronunciará durante a semana sobre que medidas serão tomadas a esse respeito.
Brasil se manifestou sobre o tema
A Guatemala elegeu Arévalo como seu novo presidente no dia 20 de agosto, quando ele venceu o segundo turno com 60,9% dos votos, contra 39,1% de Sandra Torres do partido Unidade Nacional pela Esperança (UNE). Porém, a posse do presidente eleito está marcada para o dia 20 de janeiro de 2024.
O governo brasileiro manifestou sobre as turbulências institucionais que o país vem vivendo nos últimos dias, com uma nota na qual revela sua “grave preocupação” com a situação política na Guatemala e pede que as autoridades locais uma “transição pacífica e respeitosa dos mandatos conferidos nas urnas”.
“O governo brasileiro entende que a segurança jurídica e a previsibilidade do processo de transição, bem como o respeito às prerrogativas e imunidades das autoridades eleitorais, dos partidos políticos e dos candidatos eleitos são elementos indispensáveis para o efetivo exercício da soberania popular por meio do voto”, disse o comunicado.
Com informações de TeleSur e Prensa Libre.