O governo do Níger formalizou no sábado (06/01) a criação de uma nova empresa estatal, a La Nigérienne des Eaux (“Empresa Nigeriana de Águas”, em tradução livre do francês), que passará a controlar o fornecimento de água potável no país do noroeste africano.
O processo de estatização desse serviço começou no dia 31 de dezembro, quando foi encerrado o contrato com a empresa francesa Veolia, que tinha o monopólio do setor hídrico do país, por meio de sua subsidiária, a Société d'Exploitation des Eaux du Niger (“Sociedade de Exploração das Águas do Níger, também em tradução livre do francês, também conhecida pela sigla SEEN).
Em seguida, o Conselho de Ministros apresentou um decreto que estabeleceu os estatutos jurídicos de uma nova empresa estatal.
A estatização colocou fim a pouco mais de 22 anos de hegemonia das empresas privadas francesas sobre o setor hídrico do Níger.
UNICEF Níger/Dicko
Governo nigeriano decidiu nacionalizar a água potável do país, encerrando o contrato com a empresa francesa Veolia
Um relatório recente da Unicef mostra que o acesso à água potável e ao saneamento ainda é muito baixo no Níger, com grandes disparidades entre áreas urbanas e rurais e entre regiões.
Levante militar
O Níger é governado por uma junta militar liderada pelo general Abdourahmane Tchiani desde 26 de julho passado, após o levante militar que derrubou o governo do então presidente Mohamed Bazoum.
Apesar da ruptura democrática, a queda de Bazoum foi comemorada nas ruas de Niamey, capital do país, por milhares de pessoas que consideravam o governo anterior submisso à França, que colonizou a nação africana durante décadas, entre os séculos 19 e 20.
Em novembro passado, a França retirou os últimos 1,4 milsoldados do território do Níger. Eventos semelhantes ocorreram nos últimos anos em outras nações africanas, como Mali, Burkina Faso, Guiné e Gabão.