Em um almoço oferecido em fevereiro do ano passado pela embaixadora dos Estados Unidos na Argentina, Vilma Socorro Martínez, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, pediu à diplomata que os EUA criticassem mais abertamente as medidas do governo de Cristina Kirchner.
O pedido do prefeito portenho foi feito em meio a manifestações de suas intenções de concorrer à presidência do país, nas eleições de 2011. O teor do encontro entre o portenho e a embaixadora foi revelado por meio um documento vazado pelo Wikileaks, publicado nesta segunda-feira (21/2) pelo jornal argentino Página 12.
Leia o documento original na íntegra
Segundo o documento, outros quatro representantes da prefeitura portenha estiveram presentes no almoço, em que Macri afirmou que a presidente argentina e seu marido, Néstor Kirchner, eram “fracos politicamente”, mas que poderiam causar “um estrago significativo nas instituições governamentais argentinas, a não ser que a oposição se una efetivamente para impedi-los”.
O prefeito criticou o governo, lamentando as “agressões” de Cristina às instituições governamentais e à responsabilidade fiscal. Macri citou a remoção de Martin Redrado da presidência do Banco Central argentino em janeiro de 2010 e afirmou que “o estilo agressivo” do casal presidencial, Cristina e – falecido no final do ano passado –, “gerou rejeição na maioria das pessoas”, ressaltando que “até mesmo a classe média baixa (base política de Kirchner) está frustrada e cansada do governo nacional”, descreve o documento.
Segundo o despacho, Macri insistiu – como já tinha feito em outras ocasiões, revela o documento – para que os EUA criticassem mais abertamente as medidas do governo argentino que considerasse “pouco inteligentes”. Em resposta, a embaixadora garantiu que seu país “continuará buscando uma relação de trabalho positiva com a Argentina enquanto desenvolve tendências construtivas em áreas que nos preocupam”.
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O prefeito, que já foi presidente do Clube Atlético Boca Juniors, afirmou que sua passagem pelo futebol foi sua principal “educação política”, pois, no cargo, aprendeu a lidar com a imprensa e a tomar decisões políticas em um clube com cerca de 15 mil sócios. “Se eu receber apoio político fora de Buenos Aires, em 90% dos casos será devido a minha administração no Boca e 10% por ter sido prefeito”, afirmou ele.
Em meio às críticas ao governo argentino e sugestões indiretas de apoio à sua candidatura, Macri também demonstrou interesse em aumentar o intercâmbio com os Estados Unidos para treinamento e direcionamento da polícia metropolitana de Buenos Aires, criada por ele, em 2008.
Direita na América do Sul
No encontro, Macri defendeu que a vitória de Sebastián Piñera como presidente do Chile mostrava uma mudança de rumo da região, que voltaria a ser liderada por governos de direita. Segundo o documento, Macri descreveu Piñera “amigavelmente”, como “alguém que sabe mais do que qualquer pessoa sobre qualquer assunto, de cultura, esportes, negócios, governo e história”.
A disputa presidencial brasileira também foi abordada no encontro. Para Macri, o candidato José Serra seria o vencedor das eleições de 2010, representando mais uma vitória da direita e uma tendência que o próprio portenho gostaria de perpetuar, assumindo o comando da Casa Rosada após as eleições argentinas para presidente, em 2011.
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