Uma das integrantes da banda punk entregou uma carta escrita à mão ao advogado para divulgação ao público nas vésperas do anuncio do veredito. Nadezhda Tolokonnikova, de apenas 22 anos e formada em filosofia, disse que as Pussy Riot e os seus apoiadores já venceram, independentemente da decisão da Justiça.
[Nadezhda Tolokonnikova sendo levada ao tribunal/Agência Efe]
Junto de Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich, Nadezhda foi julgada e condenada a dois anos de prisão após um protesto contra o presidente russo em Moscou em fevereiro desse ano. Vestindo gorros coloridos, as Pussy Riot cantaram “Virgem Maria, expulse Putin” no altar da maior igreja do país para criticar as eleições presidenciais do país (veja vídeo abaixo).
A artista, presa desde março em um centro de detenção provisória, acredita que o julgamento serviu para unir a oposição russa e levar centenas de pessoas às ruas contra o regime do presidente Vladimir Putin. “Algo inacreditável está acontecendo na cena política da Rússia: uma pressão poderosa, insistente e exigente da sociedade frente às autoridades”, escreveu ela. “E o sistema ‘Putinista’ está tendo dificuldade em nos controlar”, completou.
Desde que as Pussy Riot foram presas, diversos protestos e intervenções aconteceram na Rússia em apoio à luta das ativistas. Um artista plástico russo, Petr Pavlesnky, chegou a costurar sua boca em solidariedade à banda punk para representar a falta de liberdade de expressão na Rússia. Durante o julgamento, diversas pessoas furaram o bloqueio da segurança e escalaram as paredes para gritar “Liberdade às Pussy Riot!” das janelas.
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Os gorros utilizados pelas mulheres em seu protesto na igreja viraram símbolo de resistência no país, com pessoas utilizando-os nas ruas e nas manifestações. Até estátuas apareceram cobertas com os tecidos na manhã desta sexta-feira (17/08), conforme relatou o jornal local Russian Times.
Agência Efe
Dezenas protestam pela liberdade das Pussy Riot em frente à igreja ortodoxa onde a banda se apresentou nesta quinta-feira (16/08); manifestantes foram presos
Em sua carta, Tolokonnikova agradeceu a todos os que pediram pela liberdade das Pussy Riots e apontou que este é um momento muito importante para o país. “Nós estarmos na prisão é um sinal claro de que a liberdade está sendo roubada por toda a Rússia”, disse. “E essa ameaça de destruir as forças libertadoras e emancipatórias da Rússia é o que me deixa indignada”.
Em sua última declaração antes da esperada sentença, a música desafiou o governo russo ao apontar que na tentativa de reprimir um protesto, intensificaram a resistência no país. “Qualquer que seja o veredito, nós já vencemos. Porque aprendemos a ficar indignados e a falar politicamente”, escreveu.