A cisão dos palestinos entre os dois grupos rivais – o Fatah, que governa na Cisjordânia, e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza – se acirrou hoje (23) quando o presidente Mahmoud Abbas convocou eleições gerais em ambos os territórios para o dia 24 de janeiro do ano que vem. O Hamas, no entanto, rejeitou a decisão e classificou-a de “traição” e “ilegal”.
“Este é um passo ilegal e inconstitucional porque o mandato de Abbas já acabou e ele não tem direito de baixar nenhum decreto em relação a isso”, disse um porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum, citado pela TV catariana Al-Jazira.
O jornal israelense The Jerusalem Post publicou que o governo da Fatah não esclareceu como pretende organizar o pleito na Faixa de Gaza, território em que não detém poder de fato. Segundo um porta-voz do Hamas citado, a convocação feita por Abbas deve prejudicar a divisão entre os palestinos.
“Este anúncio significa que essas eleições vão acontecer somente na Cisjordânia, cimentando a cisão palestina em lugar de resolver o problema,” disse Sami Abu Zuhri.
Já a agência de notícias PalPress, ligada à Fatah, reproduziu declarações de um líder do Hamas exilado na Síria, Mohammed Nazzal, dadas à TV Al-Aqsa, afiliada ao movimento fundamentalista. Nazzal enfatizou que o decreto de Abbas não tinha valor e que o grupo não permitirá que as eleições sejam realizadas na Faixa de Gaza.
Segundo o Jerusalém Post, Nabil Abu Rdeneh, um porta-voz de Abbas, disse que a convocação é válida para todos os territórios palestinos, incluindo Jerusalém Oriental, também sob o governo do Fatah.
Cisão continua
Nos últimos meses, Fatah e Hamas vinham travando conversações para reconciliação mediadas pelo governo do Egito. As duas facções palestinas estão rompidas desde junho de 2007, quando – em meio a violentos distúrbios civis – Abbas depôs o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, eleito democraticamente no ano anterior. Na ocasião, a ordem foi acatada na Cisjordânia mas ignorada na Faixa de Gaza, onde o Hamas permaneceu como partido governante. Desde então, cada território palestino tem um governo separado, embora nominalmente constituam uma mesma entidade política.
Previa-se que um acordo de reconciliação seria assinado esta semana no Cairo, o que acabou adiado indefinidamente.
O argumento do Fatah, citado por Abu Rdeneh, é que enquanto não houver um acordo entre as duas facções, o presidente Mahmoud Abbas tem o dever constitucional de convocar eleições no período regular de quatro anos. As últimas eleições gerais palestinas foram em 2006, vencidas justamente pelo Hamas.
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