O líder da oposição na Venezuela, Manuel Rosales, acusado de corrupção pela justiça, conseguiu asilo político no Peru, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do país, José Antonio García Belaúnde.
“O governo peruano, fiel a uma tradição histórica do compromisso com o direito internacional, decidiu conceder asilo ao cidadão venezuelano Manuel Rosales”, disse o chanceler à Comissão de Relações Exteriores do congresso peruano hoje (27).
Em declarações ao Canal N de televisão, ele explicou que a decisão foi tomada levando em conta considerações “humanitárias”. Rosales chegou ao Peru no início de abril como turista e na semana passada pediu asilo político ao país.
Ele fugiu da Venezuela para não ter que comparecer a uma audiência marcada para o último dia 20 pela justiça venezuelana.
Rosales, que é prefeito de Maracaibo, capital do estado de Zulia, é acusado de enriquecimento ilícito e corrupção. Em sua conta há 68 mil dólares, de origem não explicada, obtidos na mesma época em que era governador do estado de Zulia, rico em petróleo, entre 2002 e 2004.
Interpol
Após a fuga de Rosales, o governo venezuelano lançou uma ordem de captura pela rede Interpol – polícia internacional. Em seguida foi difundido o alerta máximo, chamado de “vermelho”.
Esse tipo de medida significa que o suspeito está sendo procurado para extradição, mas não obriga países a cooperarem. O Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro, disse que seu país já extraditou vários “delinqüentes” a outros países, e espera reciprocidade no caso de Rosales.
No dia 22, Rosales atacou por meio da televisão pública peruana o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando afirmou que o governante o perseguia “covardemente protegido nas calças dos chefes militares”.
Ele chegou a dizer que caso retornasse à Venezuela, seria morto. Belaúnde reprovou a atitude de Rosales. “O Peru não pode ser utilizado como palanque político por nenhum estrangeiro, porque isso violaria a própria natureza do asilo político”, advertiu Belaúnde, lembrando que seu país é “hospitaleiro” e “respeitador” do direito internacional e das instituições.
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Reação
O governo da Venezuela disse que espera que o Peru “capture e devolva” ao país Manuel Rosales, a quem qualificou de “delinquente”, em cumprimento a leis internacionais e em colaboração à luta contra a corrupção.
“Esperamos que o estado peruano, em conjunto, e o governo do Peru, de maneira específica, cumpram as leis internacionais e capturem e devolvam à Venezuela o delinquente Manuel Rosales”, que “está sendo processado por crimes extremamente graves ao patrimônio”, afirmou o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
“O Estado peruano é obrigado a cumprir os acordos internacionais”, afirmou Maduro ao pedir às autoridades peruanas “que cooperem na luta contra o delito de corrupção”, na qual a Venezuela atua “de maneira transparente”, ressaltou.
Anticorrupção
As acusações de perseguição política foram desmentidas pela justiça venezuelana que emitiu uma ordem de prisão contra Eduardo Manuitt, que foi governador do estado de Guárico de 1999 a 2008. Ex-membro do partido governista e criado por Chávez, PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), Manuitt é acusado de fraude.
Segundo o governo, as decisões de justiça são motivadas por uma grande operação anticorrupção, que envolve políticos de ambos os lados.
Manuitt, governador de Guárico de 1999 a 2008, foi expulso do PSUV no ano passado após apoiar a candidatura de sua filha, Lenny Manuitt, para o cargo de governador, contra o candidato oficial do partido, Willian Lara.
Em dezembro de 2008, o promotor público o acusou de outras irregularidades, como a compra de aparelhos de ar condicionado superfaturados. O rombo total seria de 106 mil dólares, afirma o promotor.
Manuitt nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política. O ministério publico também emitiu uma ordem de prisão contra o ex-prefeito de Caracas, Juan Barreto. Ele é suspeito de fraude num contrato público da prefeitura, junto com três outros funcionários.
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