Um dos países mais debilitados pela crise financeira da Zona do Euro, a Espanha vive nesta quarta-feira (14/11) uma de suas maiores greves gerais do ano. Até o meio-dia (horário local), organizações sindicais contrariavam dados do governo e afirmavam que “mais de 80%” do operariado havia aderido às mobilizações. Números apurados pela CEOE (Confederação Espanhola de Organizações Empresariais) são, por sua vez, mais contrastantes e dizem que os trabalhadores paralisados não somam mais do que 12%.
“Somos profundamente gratos aos trabalhadores que aderiram à greve em uma situação tão difícil, com quase seis milhões de desempregados”, disse à imprensa local Cándido Méndez, secretário-geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores). Na ocasião, ele pediu “uma mudança drástica das políticas do governo” para que o país não “caia em um precipício”.
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Ignacio Fernández Toxo, líder das Comissões Operárias, concorda com Méndez e reforçou que o projeto político do conservador PP (Partido Popular) “deteriora a convivência [social] e condena milhões ao desemprego”. A seu ver, as alternativas a esse modelo “vão surgir da pressão da cidadania”. Questionado se há mais greves planejadas para os próximos meses, ele alegou que “tudo está nas mãos do governo”.
Maior partido da oposição, o socialista PSOE também lançou críticas à forma como o gabinete de Mariano Rajoy lida com as exigências da Comissão Europeia. O secretário-geral da sigla, Alfredo Pérez Rubalcaba, pediu que o governo “altere sua política econômica para não deixar tantas pessoas desempregadas”.
O PP reconheceu que a conjuntura econômica do país é delicada, mas argumentou que “uma greve geral não é o caminho mais adequado para reduzir quaisquer incertezas”. Segundo o ministro da Economia, Luis de Guindos, o governo está ciente das dificuldades dos trabalhadores espanhóis, mas acredita que “o caminho trilhado pela gestão de Rajoy representa a única alternativa possível”.
A polícia foi acionada para conter os protestos em diversas cidades. Até o início da tarde, o jornal El País apurou que, no total, 82 manifestantes haviam sido presos – 31 deles apenas na capital Madri. Segundo autoridades, um casal teve de ser detido por supostamente portar material explosivo. Além de 14 prisões, em Valência também foram registrados 34 casos de feridos, dentre eles 18 policiais.