O quinto aniversário do Pontificado de Bento XVI, que hoje (16/4) completa 83 anos, será celebrado na próxima segunda-feira (19/4) envolto em uma série de denúncias de pedofilia contra membros do clero que, a cada dia, ganha novos capítulos.
“A Igreja é santa e pecadora. Ao mesmo tempo, ela deve sempre ter a humildade de bater no peito diante dos seus pecados”, afirmou o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo, que participou do Conclave que elegeu Joseph Ratzinger ao Trono de São Pedro em 19 de abril de 2005.
Ex-arcebispo de Munique e Freising (1977-1982) e ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (1981-2005), Bento 16 tem sido duramente criticado por suspeitas de ter acobertado padres pedófilos quando ainda não era Pontífice. Tais questionamentos se somam aos milhares de casos de abusos cometidos por religiosos reportados ao redor do mundo.
Dom Geraldo Majella admite que Ratzinger enfrenta “um momento difícil” e “uma época de grande contestação do papel” da instituição católica.
A vaticanista Elisa Pinna recorda que mesmo antes de assumir o cargo que ocupa atualmente, Bento 16 tinha consciência da gravidade da pedofilia e pedia pulso firme em relação a esse problema. “Acredito que, como Papa, ele queira continuar essa batalha, mas precisa de apoio, porque há uma resistência incrível, grosseira” dentro da própria Igreja Católica, esclarece a jornalista italiana.
Demora
Em 20 de fevereiro foi lida por Ratzinger a carta pastoral aos fiéis da Irlanda – um dos países onde as denúncias de pedofilia são mais intensas. No texto, ele expressa “vergonha” e exige que os bispos cooperem com as autoridades nas investigações. Sob o seu comando, na última segunda-feira, o Vaticano também divulgou as orientações dadas aos bispos sobre como proceder canonicamente frente a suspeitas de pedofilia, como a comunicação do episódio às forças civis todas as vezes em que houver verossimilhança.
“Entre a carta aos irlandeses e a decisão de entregar os responsáveis à justiça civil, levou um grande tempo”, opina, por sua vez, o religioso Frei Betto, um dos maiores expoentes da Teologia da Libertação no Brasil. O frade dominicano diz ainda esperar que a discussão sobre a pedofilia sirva como base a debates mais amplos e considerados imutáveis segundo o direito canônico, como a postura em relação ao celibato, a ordenação de homens e mulheres casados e à homossexualidade.
“Há males que vêm para o bem. Está reabrindo a discussão sobre essa obsessão que a Igreja tem sobre a condição sexual. O pecado maior não é o sexo, é a opressão, a injustiça, o uso de armas”, completa.
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