O recém revelado suposto affair do presidente francês, François Hollande, está saindo das páginas dos tablóides de fofoca para ganhar o noticiário político. O apartamento que estaria sendo utilizado pelo chefe de governo francês nos encontros com a atriz Julie Gayet, de 41 anos, tem conexões com um condenado por fraude e evasão de divisas, ligado ao crime organizado da ilha de Córsega.
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Como revelado pelo site francês Mediapart, a garçonnière localizada na Rue du Cirque, no 8º distrito de Paris, foi colocada à disposição do casal por Emmanuelle Hauck, amiga de Gayet e também atriz. O apartamento, contudo, está ligado ao ex-marido e pai dos filhos de Hauck, Michel Ferracci — ator de menor expressão na França, creditado por seu trabalho em uma série de TV local intitulada “Mafiosa”. É o nome de Ferracci que consta na lista telefônica e que aparece assinalado na caixa de correio do edifício. O advogado, entretanto, nega que Ferracci tenha sido em qualquer momento proprietário do imóvel.
Agência Efe
Apartamento onde Hollande manteria encontros com amante está relacionado a ator com ligações com gangues
Em novembro de 2013, Ferraci foi condenado pela Justiça francesa por fraude e evasão de divisas no caso envolvendo o Cercle Wagram, um clube de apostas parisiense. Pelos crimes e por seu papel como um dos diretores do clube, deveria permanecer 18 meses na prisão, mas sua sentença está suspensa. Consta também que Ferraci teria supostamente ligações com gangues criminosas na ilha de Córsega, sua terra natal.
No julgamento do clube Cercle Wagram, o juiz encarregado pelo processo chegou a dizer que Jean-Angelo Guazzelli, o homem-forte da casa de apostas, “pertencia a um grupo da máfia”. Uma das tarefas do tribunal foi examinar as ligações entre o clube parisiense e o grupo La Brise de Mer, uma das gangues mais notórias do crime organizado da Córsega.
Além disso, um outro companheiro da atriz Emmanuelle Hauck (que cedeu o apartamento) também é conhecido por ter problemas com a Justiça. Fraçois Masini, também natural da Córsega, estava conectado a uma série de casos de roubos, bem como à facção La Brise de Mer. Em maio de 2013, Masini foi morto a tiros em uma emboscada no norte da ilha francesa.
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Lealdade em xeque
Após noticiar a origem do apartamento, a publicação francesa Mediapart especula ainda sobre o vazamento do affair e a lealdade de alguns membros do governo Hollande. Os guarda-costas responsáveis por fazer a segurança pessoal de Hollande — sabe-se que o presidente era sempre acompanhado por apenas um deles nos encontros com Gayet — estão subordinados, em última instância, ao Ministério do Interior, chefiado por Manuel Valls.
Reprodução/Mediapart
Nomes de Hauck e Ferracci estão na caixa de correio do apartamento que seria usado nos encontros
Estaria ou não o ministro do Interior ciente das escapadas do presidente para um apartamento ligado ao crime organizado e ao mundo do showbiz? O ministro Manuel Valls nega todas as conexões. Para ele, o grupo responsável pela segurança pessoal de Hollande tem “completa autonomia para trabalhar”.
“É inconcebível que o ministro do Interior tenha conhecimento da vida privada do presidente. Quando [em 2005, o ex-presidente] Jacques Chirac teve um derrame, o ministro do Interior Nicolas Sarkozy não ficou sabendo de imediato. Nós não estamos nos Estados Unidos: se um líder político nacional decide não aceitar certo detalhe de segurança, isso não é imposto”, finalizou o ministro.