O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, de 84 anos, foi condenado neste sábado (02/06) à prisão perpétua pelo Tribunal Penal de Cairo, em julgamento realizado na Academia de Polícia da capital do país. Com óculos escuros e deitado em uma maca, o ex-ditador escutou a sentença sem manifestar qualquer emoção. A Procuradoria Geral, que durante o processo havia pedido a pena de morte, ordenou o envio de Mubarak à prisão de Tora, no sul do Cairo, informou a televisão egípcia.
Agência Efe/EPA
O ex-presidente Hosni Mubarak é condenado à prisão perpétua no Egito
Do lado de fora do tribunal, centenas de pessoas comemoraram a decisão. Após a leitura da sentença, alguns manifestantes, que torciam pela pena de morte, entraram em confronto com a polícia. Também foram registrados diversos confrontos entre simpatizantes e opositores do antigo regime.
Mubarak, que ficou 29 anos no poder do país árabe, foi declarado culpado pela morte de manifestantes durante a revolta popular que levou à sua renúncia, em fevereiro de 2011, em evento que marcou o ápice da Primavera Árabe. O ex-presidente é acusado de ter ordenado disparos contra a população durante os protestos que pediam o fim de seu mandato e a abertura política do país.
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Pela mesma acusação, o ex-ministro do Interior Habib al Adli também foi condenado à sentença por toda a vida. No entanto, seis de seus ajudantes acabaram absolvidos, já que não havia provas suficientemente fortes da implicação deles nas mortes.
A corte presidida pelo juiz Ahmed Refaat absolveu dois filhos de Mubarak, Alaa e Gamal, e o empresário Hussein Salem, processado à revelia, das acusações de enriquecimento ilícito e danos aos fundos públicos. A justificativa foi que esses delitos prescreveram.
O processo, que teve início em agosto do ano passado, era chamado de “o julgamento do século” no mundo árabe, e contou um expediente de 60 mil páginas. Ele se desenvolveu ao longo de 49 sessões, que, ao todo, somaram 250 horas, lembrou Refaat.
Agência Efe
Manifestantes comemoram sentença de ex-ditadorem frente à Acadeia de Polícia, local do julgamento
Mubarak e seus filhos foram detidos em abril de 2011 no balneário turístico de Shar e Sheik. O ditador permaneceu boa parte do processo internado, alegando ter problemas cardíacos.
Centenas de policiais apoiados por blindados do Exército foram deslocados para acompanhar o julgamento do lado de fora do tribunal, devido à concentração de centenas de manifestantes contra e a favor do ex-ditador. Os defensores de Mubarak entoavam canções do antigo governo e exibiam quadros com a imagem do ex-líder.