Lideranças mundiais e especialistas ambientais estão entre as cerca de 10 mil pessoas de 195 países reunidas em Lima, no Peru, desde a última segunda-feira (1º/12) na COP-20 (20ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática) para discutir e firmar as diretrizes do acordo que substituirá, após duas décadas, o Protocolo Kyoto.
Vista como chave na formulação de novas políticas ambientais e de sustentabilidade, a conferência das Nações Unidas vai até o próximo dia 12 com a incumbência de formular o rascunho do tratado que deverá ser assinado no ano que vem, na COP 21, em Paris.
Agência Efe
“O mundo que temos”: Praia em Lima é palco de mensagem de estudantes peruanos durante realização da COP-20
As conferências da ONU sobre mudança climática vêm sendo realizadas desde 2010, após o fracasso observado na COP-15, na capital dinamarquesa de Copenhague, em 2009. Na ocasião, em vez de redigir um documento com poder legal, contendo metas de redução dos gases do efeito estufa para o período entre 2012 e 2020, o resultado foi uma vaga “carta de intenções”, sem nenhum compromisso formal e sem o envolvimento dos Estados Unidos.
Dessa forma, as negociações em Lima devem girar em torno de uma maior responsabilização dos países desenvolvidos, reticentes em assumir obrigações. Também é aguardado um possível acordo entre China e EUA, dois gigantes da poluição ambiental no mundo, além da fixação de compromissos para o continente europeu até 2030.
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Outra expectativa é a capitalização do bilionário Fundo Verde para o Clima, criado em Copenhague em 2009 e cuja intenção era atingir a marca de US$ 10 bilhões até o fim deste ano. Recentemente, EUA e Japão colocaram pressão nos demais países ao fechar, às vésperas da reunião do G20 na Austrália, um aporte de US$ 4 bilhões para a iniciativa prevista para financiar projetos de adaptação e redução das emissões de gases poluentes, sobretudo nos países mais pobres.
Durante os 12 dias de encontro em Lima, serão discutidas as principais regras sobre o funcionamento do fundo: como será a adaptação dos países mais vulneráveis e como se dará o financiamento e a transformação das economias para conseguir eliminar os excessos de carbono.
Cenário preocupante
A um mês da COP20, o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) publicou em 1º de novembro, em um parecer preocupante, a avaliação mais completa desde 2007 das questões climáticas — amplitude, impactos, cenários para atenuar e adaptação. O diagnóstico é de que o planeta está em uma trajetória perigosa e não é possível esperar para começar a agir.
Agência Efe
Fotografia cedida pela Unesco mostra retrocesso de monte nevado na Suíça, devido a aquecimento global
De acordo com o levantamento, a amplitude atual das emissões de gases do efeito estufa provocará o aumento das temperaturas entre 3,6º C e 4,8º C até o fim do século. Isto implica na ocorrência de catástrofes climáticas, como extinção de várias espécies, problemas no fornecimento de água potável em várias regiões do mundo e agravamento da fome global.
Cúpula dos Povos
Paralelamente à 20ª COP, será realizada também a Cúpula dos Povos, onde a sociedade civil participará das discussões. Uma grande mobilização está prevista para ocorrer no dia 10 de dezembro em Lima e outras cidades do mundo, quando será realizada a Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra (ou Pachamama).
Com o tema “Mudemos o sistema, não o clima!”, o evento ocorrerá no Parque de Exposição de Lima. A estimativa é de que 8 mil pessoas e mais de 200 organizações do mundo todo participem. Estão previstas cerca de 200 atividades e mesas de discussão sobre oito eixos temáticos, que não estão sendo colocados como prioridades na COP-20. Dia 11, último dia da Cúpula, será feita a entrega das conclusões do encontro aos representantes do Estado à ONU.